Sucesso em vida, danação na morte? Há quem assine esse acordo sem nem pensar duas vezes. Na história da música, ouvimos muitas lendas de talentos incomparáveis que foram adquiridos em pactos com o Diabo. De Giuseppe Tartini à Xuxa, reinam os relatos de acordos que atiçam a nossa curiosidade e, bem, fazem a gente se perguntar se vale a pena.
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A graphic novel Robert Johnson: Pacto de Amor à Música explora um pouco da lenda em torno do músico responsável por grandes sucessos como “Crossroads Blues”, “Love in Vain”, “Hellhound on my Trail”. De acordo com a lenda, Johnson tocava violão de uma forma bem mediana, até que sumiu da vida do público em uma de suas andanças e retornou um ano depois, tocando como se sua vida — e sua alma — dependesse disso. Não foram uma ou duas vezes que Johnson mencionou o Diabo em suas letras, aliás.
Na graphic novel escrita por Jean-Michel Dupont e ilustrada por Mezzo, conhecemos um pouco mais da história da vida do músico lendário: de sua infância a sua morte, passando pelos momentos mais importantes de sua trajetória, entre eles o possível pacto.
Dupont e Mezzo citam outros três artistas, ao longo das páginas, contemporâneos ao sucesso de Johnson, que também têm um pé na encruzilhada. Se acomode, pegue seu violão, e conheça outros três nomes do início do século XX que também tiveram seu dedo de prosa com o Diabo.
Tommy “Snake” Johnson
Tommy nasceu em janeiro de 1896, e ficou reconhecido pelo seu blues com uma técnica bastante particular em seu violão, além de um falsete digno de nota. Nascido em Terry, no Mississipi, logo se mudou para Crystal Springs. Começou a carreira de músico itinerante pelo sul dos Estados Unidos no início dos anos 1920. Logo se tornou um dos nomes principais da música na região. Seu trabalho inspirou nomes como Robert Nighthawk, Howlin’ Wolf e Hank Williams. A história do pacto com o diabo surgiu de seu irmão, LeDell, que afirmou que Tommy havia contado a ele que fez um pacto em uma encruzilhada para poder ser o melhor no violão que poderia ser. Na graphic novel de Dupont e Mezzo, o narrador conta que seu destino, de terminar seus dias bebendo e gastando seu cachê em jogatinas, se deu por ele anunciar aos quatro ventos sobre esse pacto — que, afinal de contas, ninguém sabe muito bem se existiu.
Peetie Wheatstraw
Nascido em 1902, provavelmente em Riley, no Tennessee, William Bunch assumiu o nome de Peetie Wheatstraw quando se mudou para St. Louis, Illinois, e passou a tocar músicas em um clube que havia por lá. Com o nome, Peetie também assumiu uma persona bastante demoníaca. Dois de seus discos foram gravados com o subtítulo de “Peetie Wheatstraw, the Devil’s Son-in-Law” (O Genro do Diabo) e “Peetie Wheatstraw, the High Sheriff from Hell” (o Alto Xerife do Inferno). Em Robert Johnson: Pacto de Amor à Música, o narrador conta como esses títulos parecem ter lhe dado coragem enquanto dirigia um carro em alta velocidade que foi de encontro a um trem de carga parado. Peetie faleceu em dezembro de 1941.
Sonny Boy Williamson II
Aleck Miller, nascido em dezembro de 1912, passou por muitos nomes, como Rice Miller e Little Boy Blue, até se estabelecer como Sonny Boy Williamson II — nome que pegou de outro músico, nascido em 1914, ativo entre os anos de 1930 e 1948, quando faleceu. Muitos afirmam que Miller começou a utilizar o nome de Sonny Boy para surfar em seu sucesso. Reconhecido como gaitista talentoso, na graphic novel de Dupont e Mezzo aparece como alguém que disse ter feito pacto com o Diabo para conseguir tocar a gaita sem ter que parar para respirar — coisa que nosso narrador discorda um pouco.
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A graphic novel Robert Johnson: Pacto de Amor à Música, de Jean-Michel Dupont e Mezzo já está disponível na Loja Oficial da DarkSide Books. Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.