Um rosto bastante conhecido entre os fãs de terror, Vincent Price se tornou rapidamente um dos maiores ícones do gênero entre os anos 1950 e 1960, e ainda hoje permanece entre os maiores astros do cinema.
Vincent Price é lembrado principalmente por seus filmes de terror, mas o início da carreira do ator se deu com filmes de aventura e drama. Seu primeiro filme creditado, de acordo com o IMDb, foi Serviço de Luxo (1938), dirigido por Rowland V. Lee em uma produção da Universal.
Ainda assim, mesmo que os primeiros quinze anos de sua carreira tenham sido majoritariamente dentro de outros gêneros, é em 1940 que Price é creditado em seu primeiro filme de terror propriamente dito — e que faz parte dos monstros da Universal —, A Volta do Homem Invisível, de Joe May. Nesse período, a Universal já começava a apresentar os últimos respiros do que seriam seus grandes monstros, encerrando de vez o ciclo da era de ouro em 1954, com O Monstro da Lagoa Negra de Jack Arnold.
Price, dali em diante, não trabalharia com os grandes monstros da Universal, mas construiu uma carreira sólida nos filmes de terror que começaram a despontar no período em outros estúdios, como a Amicus, e nos filmes de Roger Corman e William Castle. O ator acabou virando um astro, e muitos de seus filmes geraram remakes e outras adaptações, sempre sendo lembrado como um grande homem, uma figura simpática e carismática entre aqueles que trabalharam com ele, e recebendo um carinho enorme dos fãs.
LEIA+: A TRINDADE DO HORROR DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
Se você sempre quis explorar a carreira de ator de um dos maiores astros do terror do século XX mas não sabia por onde começar, a Macabra listou 7 dos filmes essenciais de Vincent Price.
Museu de Cera
House of Wax, 1953 // Você, que cresceu nos anos 2000, deve se lembrar de A Casa de Cera, filme da Paris Hilton com Chad Michael Murray, Elisha Cuthbert e Jared Padalecki. Esse filme, tecnicamente, é um remake de Museu de Cera, que, por sua vez, é um tipo de remake de Os Crimes do Museu, de 1933. História complicada, não é? Os três filmes compartilham uma trama em comum, mas são bastante diferentes entre si. Ainda assim, é considerado que os três são espécies de remakes um do outro.
Em Museu de Cera, dirigido por André De Toth, Harry Jarrod (Price) é um grande escultor, dedicado e muito atencioso com seu trabalho. Seu sócio, Matthew Burke (Roy Roberts), trai a confiança de Jarrod e incendeia o local — com o homem ainda por lá — após uma discussão, para receber o seguro. Mas Jarrod sobrevive e está pronto para fazer Burke pagar. Uma trama de vingança do jeitinho que Price sempre entregou tão bem. O elenco ainda conta com Carolyn Jones, anos antes de a atriz viver Morticia Addams nas telas de TV dos anos 1960.
A Mosca da Cabeça Branca
The Fly, 1958 // Andre Delambre (David Hedison) era um cientista muito dedicado, mas sofreu um terrível acidente em uma prensa mecânica. Sua esposa, Helene (Patricia Owens), conta ao seu cunhado, François (Price), e ao detetive encarregado pelo caso, o inspetor Charas (Herbert Marshall), o que aconteceu nos meses que antecederam o acidente, revelando uma terrível experiência científica que deu errado: seu marido estava fazendo experiências com teletransporte, quando se usou como cobaia ao mesmo tempo em que uma mosca atrapalhou o teste.
Você deve se lembrar de ouvir uma história parecida. A Mosca da Cabeça Branca serviu de base para o filme A Mosca, de David Cronenberg, lançado nos anos 1980 e protagonizado por Geena Davis e Jeff Goldblum. Dirigido por Kurt Neumann, foi a maior bilheteria de sua carreira, mas o cineasta nunca soube, pois faleceu pouco tempo depois da estreia do filme.
Talvez seja um dos poucos filmes em que Price não está tentando se vingar de ninguém ou seja o vilão.
A Casa dos Maus Espíritos
House on Haunted Hill, 1959 // Uma grande festa está sendo planejada, mas nem tudo vai sair de acordo com os planos. Frederick Loren (Price) está dando uma bolada em dinheiro para quem conseguir passar a noite inteira em uma casa assombrada. Dizendo fazer isso para entreter sua esposa, Annabelle (Carol Ohmart), a mulher duvida muito que isso seja verdade. Ao longo da noite, será que todos conseguirão sobreviver?
Dirigido pelo mestre do marketing aterrorizante, William Castle, A Casa dos Maus Espíritos é um dos maiores clássicos e talvez um dos filmes mais conhecidos de Vincent Price. Algumas de suas cenas são reconhecidas facilmente pelos fãs de terror, mesmo aqueles que nunca assistiram ao filme — como a cena do esqueleto assustando uma mulher. Se você ainda não viu, esse é um ótimo filme para começar a maratona.
O filme recebeu um remake em 1999, da famosa produtora Dark Castle, intitulado no Brasil como A Casa da Colina — apesar de seu título, nenhum dos dois filmes estão relacionados ao livro de Shirley Jackson —, dirigido por William Malone, com Famke Janssen e Geoffrey Rush.
LEIA+: WILLIAM CASTLE: O MESTRE DO MARKETING ATERRORIZANTE
O Corvo
The Raven, 1963 // Craven (Price) é filho de um grande feiticeiro que, por sua vez, também já teve grandes habilidades, mas acabou optando por uma vida mais distante da magia. Certo dia, entretanto, um mago chamado Bedlo (Peter Lorre) o procura para pedir ajuda: o terrível Scarabus (Boris Karloff) o transformou em um corvo. Bedlo conta também a esposa de Craven, há muito perdida e dada como morta, Lenore (Hazel Court) se encontra sob o domínio do feiticeiro rival.
Dirigido por Roger Corman, O Corvo é um filme de comédia e terror baseado livremente no poema de Edgar Allan Poe, contendo também menções a outras de suas obras (como “Lenore”). Além de seu elenco assombroso, com os nomes de Vincent Price, Peter Lorre, Boris Karloff, Hazel Court, ainda conta com um Jack Nicholson novinho, em início de carreira. O roteiro? Foi escrito por ninguém menos que Richard Matheson.
LEIA+: O PAPA DO CINEMA POP: VIDA E OBRA DE ROGER CORMAN
Mortos que Matam
The Last Man on Earth, 1964 // Depois de uma estranha doença devastar a terra e transformar a todos em mortos-vivos, dr. Robert Morgan (Price) é a única pessoa viva em quilômetros e segue uma rotina de cuidados para se manter sobrevivendo nesse mundo devastado. Um dia, entretanto, ele encontra uma mulher e faz o possível para salvá-la do mesmo destino dos outros.
Adaptação do livro Eu Sou a Lenda, de Richard Matheson, dirigida por Ubaldo Ragona e Sidney Salkow, Matheson não era um grande fã dessa adaptação. Apesar de adorar Price, ele contou em entrevistas que achava que faltava no ator a dureza que o personagem precisava. O filme segue sendo, entretanto, uma ótima experiência.
O Caçador de Bruxas
Witchfinder General, 1968 // Durante a Guerra Civil inglesa de 1642, entre os partidários do rei Carlos I da Inglaterra e do Parlamento, alguns homens encontraram formas de tirar vantagem da distração e preocupação das pessoas. Viajando de vilarejos a vilarejos, Matthew Hopkins (Price) oferecia seus cruéis serviços de caçador de bruxas, se apoiando nas tradições e superstições de pequenos camponeses, utilizando da intimidação e cobrando até mesmo favores sexuais por onde passava. Ao perseguir um padre, entretanto, Hopkins acaba atraindo a atenção de um jovem soldado, que fará de tudo para derrotá-lo.
Parte terror e parte ficção história, O Caçador de Bruxas talvez traga um dos papéis mais desagradáveis de Price, mas é, também, parte da trindade dos filmes de folk horror mais queridos e tradicionais entre os fãs de terror — ao lado e O Estigma de Satanás, de 1971, e O Homem de Palha, de 1973.
LEIA+: RITUAIS E CULTOS MACABROS: 13 FILMES DE FOLK HORROR
O Abominável Dr. Phibes
The Abominable Dr. Phibes, 1971 // Médicos estão morrendo de formas bizarras e assustando toda a comunidade — mas nem todos precisam realmente se preocupar. Quem está por trás das atrocidades que remetem às pragas do Egito é Anton Phibes (Price), médico, cientista e acadêmico, que busca vingança contra os nove doutores que não conseguiram salvar a vida de sua esposa.
Dirigido por Robert Fuest, O Abominável Dr. Phibes está entre os filmes mais conhecidos de Vincent Price, e um dos clássicos dos anos 1970. O filme ganhou uma continuação em 1972, A Volta do Dr. Phibes.
*
Essa lista é apenas um ponto inicial para mergulhar na carreira desse artista imenso, que participou ainda de Alfred Hitchcock Apresenta, Scooby-Doo e vários videoclipes — de Alice Cooper a Michael Jackson —, sendo uma das maiores inspirações na carreira de Tim Burton.
Qual o seu filme favorito do ator? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.