Nascido em 2 de agosto de 1939, em Cleveland, Ohio, Wes Craven começou dirigindo filmes de terror considerados “indigestos” como Aniversário Macabro, Viagem Maldita e O Monstro do Pântano antes de dirigir o infame e supremo A Hora do Pesadelo. Ele também marcou outro grande sucesso com Pânico, que gerou três sequências a partir de 2011. Craven também dirigiu dezenas de outros filmes e, mais surpreendentemente, o drama Music of the Heart.
Criado em uma família batista estrita, Craven viu poucos filmes quando criança, por conta das crenças religiosas de seus pais. Mais tarde, ele explicou em seu site que “foi permitido ver filmes da Disney”, e Craven gostou especialmente de Fantasia. Depois do ensino médio, foi para Wheaton College, em Illinois, onde continuou a explorar seu interesse em escrever, contribuindo para uma das revistas literárias da faculdade e virando editor dela por um tempo. Ao terminar os estudos, Craven foi trabalhar como professor de inglês por um tempo. Também escreveu contos e poesia, bem antes de fazer seu nome como cineasta.
Sua estreia cinematográfica foi impressionante com Aniversário Macabro. O filme explora a crueldade humana para alimentar a terrível história de adolescentes raptadas por prisioneiros desequilibrados. O mal que as pessoas podem infligir a outros também forneceu o conflito central para outro filme de Craven, o agora clássico Viagem Maldita.
Em 1984, Craven deu ao público um novo vilão, emoções e arrepios com A Hora Do Pesadelo. Todos os percalços e conquistas dessa empreitada são belamente pesquisados e escritos por Thommy Hutson em A Hora do Pesadelo: Never Sleep Again, um livro bastante rico que todo fã do filme de 1984 deve ler. O filme traz o assassino sobrenatural Freddy Krueger, que ataca suas vítimas em seus sonhos e os fere na realidade.
Apesar de ser contra a vontade do cineasta, A Hora do Pesadelo termina com um gancho que possibilitou a continuidade da história para uma franquia que, apesar da qualidade inferior ao original, se tornou bastante rentável. Craven teve pouca relação com qualquer uma das sequências. Ele escreveu apenas o roteiro de A Hora do Pesadelo 3 (1987). Em 1994, retornou ao personagem de Freddy Krueger com A Hora do Pesadelo 7.
Em 1995, Craven tentou manipular um híbrido humor-horror com Um Vampiro no Brooklyn, uma comédia com toques sinistros estrelada por Eddie Murphy e Angela Bassett. Mas ele teve um de seus maiores sucessos no ano seguinte, como diretor de Pânico, o clássico filme de terror que de certa forma tirava sarro de muitos dos truques-padrão do gênero. Escrito por Kevin Williamson e estrelado por Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette, o filme arrecadou mais de US$ 100 milhões e gerou várias continuações (todas atraentes se você é um fã indulgente de um bom slasher).
Em 1999, Craven obteve sucesso de crítica com o drama Music of the Heart, estrelado por Meryl Streep. A atriz recebeu uma indicação ao Oscar pela sua interpretação da professora de música que trabalhava com jovens estudantes. Seis anos depois, Craven apresentou ao público o thriller Voo Noturno, sobre uma jovem (Rachel McAdams) que é envolvida em uma trama de assassinato em pleno voo. A narrativa claustrofóbica do filme chamou atenção da crítica, mas Craven teve sua alma engrandecida pelo terror. Em 2010, escreveu e dirigiu A Sétima Alma, um filme sobre um assassino em série que jurou voltar e matar as sete crianças que nasceram no dia em que ele supostamente morreu. No ano seguinte, o diretor retornou à popular franquia Pânico para dirigir sua quarta sequência. Agora, listamos alguns detalhes curiosos sobre o homem e o gênio.
1. Ele era um homem culto
Você já se perguntou como os personagens e filmes de Craven conseguiram se sair tão bem? Sua educação pode ser uma pista. Nascido em Cleveland em 1939, Craven passou a estudar inglês e psicologia como aluno de graduação e obteve mestrado em filosofia e escrita pela Universidade Johns Hopkins. Como você pode imaginar com um currículo como esse, Wes Craven foi professor por vários anos. Durante esse tempo ele conseguiu um emprego em uma empresa de pós-produção em Nova York. Ao contrário das vítimas em seus filmes, Craven nunca olhou para trás, o negócio dele era sempre o próximo passo.
2. O começo não foi glamoroso
Embora seja tudo um pouco misterioso, Craven disse em uma entrevista que ele fez uma carreira bastante lucrativa dirigindo “muitos filmes hardcore com censura”, sob uma série de pseudônimos. Há até especulações de que ele estava envolvido no filme adulto mais famoso de todos os tempos, Garganta Profunda. Essa fase de sua carreira não durou muito.
3. Seu primeiro trabalho no cinema foi como produtor
Em uma estranha reviravolta que combinaria sua vida passada com sua vida futura no horror, Craven trabalhou como editor e produtor associado no filme de 1971, Together. Ainda era um filme sexual atrevido, mas não era considerado pornografia pesada. O diretor do filme, Sean Cunningham, que contratou Craven, também trabalhou com filmes adultos, e futuramente criaria a série Sexta-Feira 13.
4. Cunningham foi a primeira grande oportunidade de Craven
A dupla passou a filmar Aniversário Macabro em 1972, com Craven escrevendo e dirigindo, e Cunningham produzindo. O filme foi baseado vagamente no filme de 1960, The Virgin Spring, de Ingmar Bergman. O filme violento de Craven sobre o sequestro e violação de duas mulheres deveria ser ainda mais explícito, mas foi atenuado. No entanto, o filme ainda assim era tão pesado que foi proibido no Reino Unido até a década de 1990. Toda a controvérsia realmente ajudou a carreira de Craven a decolar. Aniversário Macabro foi produzido com US$ 90 mil e arrecadou mais de US$ 3 milhões, fazendo com todos pedissem por mais. Wes nos deu, no entanto, ele nunca abrandou suas ideias particulares para tentar alcançar um público mais amplo.
5. Seu próximo recurso foi o X-Rated
Mas não para sexo. Viagem Maldita foi carimbado com um X-Rating por seu nível de violência. Mais uma vez, o filme de Craven rendeu muito dinheiro, o que em Hollywood (ou no underground de filmes indie violentos onde ele começou) é um sucesso. E o sucesso significa que você consegue fazer mais filmes, certo?
6. Muito depois depois ele teve o pesadelo
Craven é mais conhecido por A Hora do Pesadelo, é claro. No entanto, é difícil acreditar que esse choque revolucionário tenha chegado a uma dúzia de anos em sua carreira como diretor em 1984, e que na verdade foi seu sétimo filme (entre os não-pornôs que não são assumidos publicamente).
7. O nome Freddy foi inspirado em um colega
Freddy Krueger era, na verdade, o nome de um garoto que intimidava Craven quando criança. Além disso, o suéter icônico de Freddy era tão colorido porque o diretor havia lido na revista Scientific American que vermelho e verde são as cores mais conflitantes no espectro da retina humana. Segundo Craven, em uma noite ele e seu irmão (ambos garotos) estavam sozinhos em casa. Então surge esse homem, que usa um chapéu e fica encarando a janela do pequeno Wes, sem desviar os olhos. Pequeno Wes fecha e janela e volta a abri-la depois de vários minutos. O sujeito continua ali. Wes desiste da janela e busca refúgio em seu irmão, e só voltaria a ver o tal homem através de seu mais famoso personagem. Essa história é contada no livro A Hora do Pesadelo: Never Sleep Again.
8. Ele quase não trabalhou em sua segunda megafranquia
A segunda franquia mais famosa de Craven é Pânico. No entanto, quando o roteiro estava sendo vendido para os estúdios, quase não chegou a Craven — uma guerra de lances havia começado entre a Miramax (que acabou vencendo) e Oliver Stone.
9. Ele foi o único diretor que entendeu a proposta
Pânico acabou se tornando um enorme sucesso, em parte porque nenhum dos outros diretores cotados para o filme entendeu que não era uma comédia. Sam Raimi e Robert Rodriguez, por exemplo, queriam cortar o sangue e focar na comédia. Craven, com um fundo cheio de exagero, mas também um forte senso de humor, foi o único diretor que quis destacar ambos. Sucesso.
10. Wes Craven e Clive Barker
Craven apareceu em Dr. Ruth com Clive Barker, e deu uma resposta incrível quando Titia Ruth lhe perguntou por que filmes de terror são tão nojentos. “É muito, muito simples; é para o corpo”, disse Craven. “A coisa mais simples que todos nós possuímos e dependemos é o nosso próprio corpo. Então, se isso está sendo ameaçado, acaba sendo extremamente aterrorizante. Queremos saber, em certo sentido, se temos realmente coragem para seguir em frente. Sabemos que o temos por dentro é frágil.”
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Leia mais nas fontes consultadas: Horror Fandom, Britannica e iMDB.