Advogado do Diabo: 6 diferenças entre o livro e o filme

Personagens e enredo tomam rumos bem diferentes no livro de Andrew Neiderman e no filme de 1997. Confira algumas mudanças significativas na adaptação.

* CUIDADO! O texto a seguir contém spoilers do livro e do filme Advogado do Diabo.

É bem provável que o seu primeiro contato com Advogado do Diabo tenha ocorrido no cinema ou na TV. O filme estrelado por Al Pacino, Keanu Reeves e Charlize Theron marcou muita gente nos anos 1990 justamente pelas reflexões que levantou sobre a manifestação do mal em cada um de nós.

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A história que inspirou o longa dirigido por Taylor Hackford chegou ao Brasil em uma publicação fruto de mais um pacto entre a Macabra Filmes e a DarkSide® Books. O romance de Andrew Neiderman queima de maneira muito mais branda do que sua versão das telonas, mas também entrega um desfecho flamejante.

Porém, é preciso alertar os fãs do John Milton de Pacino que logo nas primeiras páginas é possível observar algumas diferenças, que só vão se intensificando conforme os capítulos e a corrupção de seus personagens avançam. O livro de Neiderman, publicado sete anos antes do longa, é um belo pontapé para a produção de Hollywood, que toma caminhos ousados e bem diferentes para surpreender os espectadores da década de 1990.

Não vou aqui querer determinar qual dos dois é melhor (é o livro), mas separei algumas diferenças entre obra e adaptação que são impossíveis de ignorar. Olha só:

1. Origens e nome de Kevin

Você provavelmente se lembra muito bem de Kevin Lomax, o ambicioso advogado da Flórida que nunca perdeu um caso e isso lhe rendeu um emprego na maior firma de advocacia de Nova York. Mas no original, o sobrenome dele é Taylor e ele morava em Long Island, numa cidade considerada “dormitório” da Big Apple e, portanto, bem mais próxima geograficamente.

O nome da esposa dele também é diferente: a Mary Anne de Charlize Theron no livro se chama Miriam. Outra diferença nesse início de história é que o cliente professor defendido por Kevin em uma acusação de abuso a uma aluna é na verdade uma professora, o que para alguns leitores pode aumentar a dúvida quanto à sua inocência, bem diferente do acusado no filme, caracterizado para deixar evidente sua culpa.

É bem provável que essas mudanças para as telonas tenham ocorrido para aumentar o contraste entre o Kevin do interior e o deslumbramento com Nova York. Nos Estados Unidos, as pessoas entendem com mais facilidade o antagonismo entre uma cidadezinha de Long Island e a metrópole. Porém, para audiências internacionais essa comparação poderia ser sutil demais, o que justifica a escolha de uma origem muito mais sulista, reforçada pela troca de Miriam por Mary Anne.

2. A vizinha que sabia de tudo

Na transposição para o cinema é praticamente inevitável que algumas abreviações ocorram, como cenas e personagens inteiros que nunca darão as caras. É isso o que acontece com Helen Scholefield, uma das vizinhas do casal Taylor (e não Lomax) no novo apartamento em Nova York.

Assim como todas as mulheres naquele prédio, Helen é casada com um dos advogados do escritório de John Milton. Porém, diferentemente de Norma e Jean (que também receberam outros nomes no filme), ela logo se dá conta do perigo que todos estão correndo — é importante destacar que o suicídio do primeiro advogado tem um peso muito maior na trama. Helen tenta alertar o novo casal do que acontecerá com eles se cederem aos prazeres oferecidos por Milton. No filme, o papel de Helen passou em partes para Mary Anne, mas sem o impacto que a única vizinha lúcida traz ao enredo.

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3. A desconfiança começa com Kevin

Se no filme temos uma Mary Anne frustrada e desconfiada com a nova vida em Nova York, a Miriam dos livros tem uma reação bem diferente à mudança. No romance, ela se enturma facilmente com as vizinhas e se mantém ocupadíssima indo a galerias de arte e a restaurantes caros.

É Kevin quem recebe os alertas da vizinha e começa a perceber algumas coisas estranhas no escritório. Ele também se interessa um pouco mais sobre a vida do casal que morava no apartamento antes dele e que morreu sob circunstâncias suspeitas. Além disso, o promissor advogado tem a impressão de que John Milton já sabe o desfecho de todos os casos, até mesmo aqueles que nem ocorreram ainda. 

4. O caso que ele deve defender para John Milton

No filme conhecemos dois casos com os quais Kevin se envolve no escritório em Nova York, ambos levantando muitas suspeitas quanto à conduta dos réus — ou mesmo evidenciando que John Milton não se interessa muito pela inocência de seus clientes. 

Porém, no livro o caso defendido por Kevin adota camadas que levantam ainda mais as suspeitas do advogado. Uma mulher morreu misteriosamente por causa de uma superdosagem de medicamento, que poderia ter sido fruto da falta de atenção de sua cuidadora com histórico de alcoolismo, um ato homicida do marido ou até mesmo um suicídio com o intuito de culpar o viúvo. Kevin descobre um estranho envolvimento do escritório com esse caso que vai além da defesa do réu — o marido.

5. Parentescos diabólicos (alô, spoiler!)

No filme, a mãe de Kevin revela a ele que John Milton é seu pai, o que é confirmado pelo advogado demoníaco, que ainda revela ter outra filha: Christabella. O plano de Milton seria uma relação incestuosa entre os dois para gerar uma espécie de neto do Anticristo

No livro, a mãe também é uma cristã fervorosa, porém, justamente por isso, ela se mostra incomodada com a presença de John Milton — e essa é a única interação entre eles. No original o Diabo também tem planos de gerar uma prole na Terra, mas seus meios para formar uma família são bem diferentes. 

6. O final (contém spoilers do filme)

Spoiler, spoiler, spoiler, spoiler, você foi avisado. Ok, se você conhece o filme provavelmente se lembra do dramático fim em que Kevin dá um tiro em si próprio para frustrar os planos do pai demoníaco, o que nos devolve ao começo da história. Kevin muda de atitude, mas Milton logo dá a entender que tentará dar sequência ao seu plano por outros meios.

No livro, bem… não vou entregar o final porque vale muito a pena ser surpreendido por ele, mas a ironia do Diabo fica ainda mais escancarada. É como se…

Não, não vou contar. Você vai precisar ler.

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Advogado do Diabo, de Andrew Neiderman, já está disponível em pré-venda na Loja Oficial da DarkSide Books. Comente este post com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Renunciei à vida mundana para me dedicar às artes da trevas. No meu cálice nunca falta vinho ungido e protejo minha casa com gatos que afastam os espíritos traiçoeiros. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.