Quando você pensa em ocultismo, o que vem à sua mente? Bruxaria, feitiços, símbolos pagãos, caldeirões e cabras (lógico!)? Todas estas possibilidades podem ser consideradas válidas, mas o entendimento, principalmente religioso, sobre o ocultismo poderia ir muito além, como mostra o livro Grimório Oculto.
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No sentido literal, “oculto” significa encoberto, algo que está escondido – assim como no amigo oculto, que você não sabe de quem receberá o presente (e muito menos se irá gostar do mimo). Mas quando a palavra está relacionada à prática de ocultismo, seu significado pode ganhar contornos muito mais macabros (aos olhos da Igreja, pelo menos).
Durante o período da Renascença, os autores que queriam se referir a práticas como magia e divinação ou a uma espiritualidade alternativa, fora dos moldes cristãos, recorriam à expressão “filosofia oculta”. O termo ganhou força com Cornelius Agrippa, que batizou seu grande manual de magia de Três Livros de Filosofia Oculta.
Dois séculos depois, quando houve um renascimento da magia no século XIX, foi a vez dos escritores franceses resgatarem o termo. Eles começaram a usar a palavra occultisme para se referir aos mesmos temas.
Há algum fundamento em dizer que o ocultismo é o conhecimento espiritual repudiado pelo cristianismo do mundo ocidental, que ignora e condena os conjuntos de saberes de outros povos. Hoje, com acesso mais facilitado à informação, pessoas que queiram buscar alternativas para sua espiritualidade e conexão com o divino encontram no ocultismo diversas práticas que podem trazer respostas para as suas perguntas.
São muitos os elementos que podem ser considerados ocultos, mas destacamos a seguir os principais deles:
1. Magia
Segundo Dion Fortune, romancista de temas místicos, magia é “a ciência e a arte de provocar mudanças na consistência de modo deliberado”. De uma forma mais prática, as pessoas que a praticam utilizam rituais, símbolos, meditação e outros métodos para atingir estados excepcionais de consciência.
Segundo o ocultismo, alcançar tais níveis diferenciados de consciência dá à pessoa alguns poderes sutis, que podem ser direcionados para contatar entidades incorpóreas capazes de provocar mudanças no mundo. Ou seja, é algo muito mais complexo do que soltar feitiços através de uma varinha mágica, mas nem por isso menos poderoso.
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2. Divinação (adivinhação)
A arte da adivinhação é popularmente conhecida como leitura da sorte. É através dela que podem ser descobertas verdades escondidas no presente e segredos do futuro. Isso é possível através dos mesmos laços sutis que fazem a magia funcionar.
Entre as práticas mais populares de divinação encontram-se a astrologia, a leitura de tarô, runas ou búzios, por exemplo. O método pouco importa, mas o que todas as práticas têm em comum é a tentativa de conexão com forças sobrenaturais que permitam vislumbrar o desconhecido.
3. Iniciação
Em algumas práticas ocultas, é necessário que a pessoa passe por um processo para desenvolver poderes e habilidades relacionados à magia e à divinação: a iniciação. Existem diferentes tipos de iniciação, de acordo com a prática, mas os mais conhecidos envolvem cerimônias elaboradas que encenam dramas simbólicos. O objetivo é catalisar mudanças na consciência do iniciado.
Muito antes do ocultismo receber este nome, os rituais de iniciação já existiam na Grécia antiga. Alguns exemplos mais recentes são as iniciações de sociedades mágicas, como a Ordem Hermética da Aurora Dourada e a Ordem Martinista.
4. Alquimia
Apesar de ser pejorativamente referida como tentativas frustradas de transformar chumbo em ouro, a alquimia era muito mais diversa e útil – bem antes dos estudos da química avançarem.
A ideia central dos alquimistas parte do princípio que toda substância material tem potencial para ser aperfeiçoada, e a alquimia as ajuda a atingir sua perfeição. Na prática, os alquimistas preparam ervas medicinais, praticam meditação espiritual e trabalham com uma grande variedade de substâncias em busca de conhecimento oculto.
5. Filosofia oculta
Por trás de todas estas práticas existe uma filosofia que explica como e por que o ocultismo funciona. Ela pode ser dividida em três escolas principais:
Neoplatonismo: um rebento da filosofia de Platão, que emergiu na Grécia antiga;
Hermetismo: uma mistura de filosofia grega e ensinamentos egípcios de magia iniciada no Egito;
Cabala: nasceu nas comunidades judaicas do sul da França.
Independentemente de escola filosófica ou prática, o ocultismo reúne conhecimentos milenares que sobrevivem ao longo da história da humanidade apesar das perseguições. Enquanto o ser humano continuar procurando fontes alternativas em busca de respostas para questões espirituais, místicas e sobre a própria existência, o ocultismo oferecerá caminhos que iluminem a jornada.
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