Grace Kelly: a princesa do suspense

Grace Kelly deixou a vida de atriz para se tornar Princesa de Mônaco. Mas, antes disso, Kelly trabalhou em três filmes do rei do suspense, Alfred Hitchcock.

Adoramos uma boa história de pessoas interessantes. Aquelas que seguiram seus sonhos, que enfrentaram a tudo e a todos para viverem uma ideia proibida em determinados períodos históricos, que sobreviveram e fizeram de suas vidas algo mágico.

Para algumas pessoas, a ideia de algo mágico poderia ser, de repente, se deparar com um príncipe e se tornar uma princesa; ou até mesmo ser uma grande estrela de cinema. Nosso imaginário foi moldado por imagens como essa. Na realidade, alguém conquistou ambas as coisas nos anos 1950: Grace Kelly, ou Grace de Mônaco, atriz que, ao se casar com o Príncipe Rainier III, se tornou princesa.

Os primeiros anos de Grace Kelly

Grace Patricia Kelly nasceu em novembro de 1929, em uma família católica, descendente de irlandeses e alemães, bastante conhecida e influente na cidade da Filadélfia. Ao longo de seus anos de colégio, Kelly participou dos clubes de teatro e dança. Após a graduação, e muito por causa de suas baixas notas em matemática, Kelly não foi aceita na instituição que deveria concluir seus estudos, a Bennington College. Então, Kelly achou que seria melhor seguir seus sonhos de se tornar atriz. Seus pais eram contra a decisão e não aprovaram a escolha de carreira da filha. Seu pai, principalmente, considerava a vida de atriz “um pouco acima da de uma prostituta”.

Kelly foi aceita na American Academy of Dramatic Arts, mesmo com a instituição tendo atingido o número total de estudantes para aquele semestre. Para a audição de admissão da escola, Kelly interpretou uma parte da peça de seu tio, George Kelly, intitulada The Torch-Bearers. Ao longo de toda a sua carreira, George foi mentor de Grace.

Seus primeiros papéis foram em peças como The Father, escrita por Johan August Strindberg, e The Philadelphia Story. Outras peças importantes pelas quais a atriz ficou conhecida foram The Rockingham Tea Set, The Apple Tree e The Mirror of Delusion. Kelly também teve seu momento na televisão, onde seu primeiro papel foi na adaptação de Bethel Merriday.

A carreira cinematográfica

Sua carreira no cinema começou morna, com pequenos papéis que não chamaram tanta atenção. Foi após o sucesso de Mogambo (1953), de John Ford, onde contracenou com Clark Gable, que os papéis começaram a aumentar — em tempo de tela e em importância de roteiro.

Entre Mogambo e seu último filme, Alta Sociedade (1956), Grace Kelly teve três anos de sucessos. Entre eles, três filmes do rei do suspense, Hitchcock. A atriz se aposentou dos palcos e dos estúdios em 1956, ao se casar com o Príncipe Rainier III, e se tornar Princesa de Mônaco. Após deixar os holofotes, Hitchcock tentou trazer Kelly para alguns de seus filmes, mas sem sucesso. Em 1962, Hitchcock ofereceu à atriz o papel principal em seu filme Marnie, e ela o aceitou, mas os protestos em Mônaco sobre a Princesa interpretar uma mulher cleptomaníaca a fizeram reconsiderar o convite.

Mesmo assim, Kelly não deixou de ser uma amante da arte, e ajudava financeiramente, de forma anônima, várias instituições de dança, teatro e audiovisual.

Kelly foi listada entre as 25 grandes estrelas femininas da era clássica de Hollywood, pela American Film Institute. Para celebrar sua carreira como uma das grandes atrizes a trabalhar com Hitchcock, listamos as três obras das quais participou com o cineasta.

Disque M para Matar

Dial M for Murder, 1954 // Adaptação da peça de Frederick Knott, acompanhamos a jovem Margot Mary Wendice (Grace Kelly), que, em Londres, teve um romance com o escritor norte-americano Mark Halliday (Robert Cummings), enquanto seu marido, o jogador profissional de tênis Tony Wendice (Ray Milland), esteve ausente. Margot decide dar uma nova chance ao seu casamento, e queima todas as cartas de seu amante, com exceção de uma, que foi perdida. Tony, então, após uma saída de Margot, liga para um antigo conhecido e o chantageia para que ele assassine sua esposa. 

As coisas, entretanto, não saem como planejado. Em uma teia de traições e tentativas de vingança, Disque M para Matar é um daqueles suspenses deliciosos de se assistir. 

Janela Indiscreta

Rear Window, 1954 // No mesmo ano de lançamento de Disque M para Matar, Grace Kelly atuou também em Janela Indiscreta. Dirigido por Alfred Hitchcock a partir de um conto de Cornell Woolrich, roteirizado para o cinema por John Michael Hayes, acompanhamos o fotógrafo L.B. “Jeff” Jefferies que quebrou sua perna durante um trabalho e tem que passar por um período de repouso. Confinado em seu apartamento em Nova York, sem muito mais a fazer do que assistir a vida das pessoas lá fora, Jeff acaba percebendo uma movimentação suspeita no prédio da frente, e acredita que testemunhou seu vizinho assassinar a esposa. Jeff agora conta com a ajuda de sua namorada, uma consultora de moda da alta sociedade, Lisa Fremont (Grace Kelly), e de sua enfermeira Stella (Thelma Ritter) para descobrir o que realmente aconteceu. 

Assim como grande parte dos filmes de Hitchcock, Janela Indiscreta se tornou um clássico, sendo referenciado ao longo de todos esses anos por diversas obras. 

Ladrão de Casaca

To Catch a Thief, 1955 // Baseado no livro de David Dodge, roteirizado por John Michael Hayes com colaboração de Alec Coppel e dirigido por Hitchcock, acompanhamos uma série de roubos acontecendo na Riviera francesa. O problema é que o método de roubo é igual ao de John Robie (Cary Grant), um ladrão de joias aposentado. Robie então precisará provar que, dessa vez, é inocente. Robie se torna amigo da viúva Jessie Stevens (Jessie Royce Landis), mas quando as joias de Frances (Grace Kelly), filha de Jessie, são roubadas, Robie entrará de cabeça na investigação.

Ao longo de seu tempo como princesa, Grace de Mônaco se envolveu com trabalhos filantrópicos e de caridade. Sua vida foi interrompida tragicamente por um acidente de carro. Enquanto dirigia, Grace sofreu uma hemorragia cerebral, onde perdeu o controle de seu veículo.

Após sua morte, que aconteceu aos 52 anos, em setembro de 1982, seu marido, através da Princess Grace Foundation-USA, continou a realizar o trabalho que Grace fez ao longo de sua vida, financiando companhias de danças e artistas do audiovisual independentes e emergentes.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.