Em seu livro Grimório das Bruxas, o historiador Ronald Hutton desvenda os caminhos do paganismo pelos quatro cantos do mundo e também através de gerações. Com uma visão mais realista e longe da demonização dos contos de fada, o autor mostra como a bruxaria se manifesta e é praticada em diferentes culturas.
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Há lugares que até hoje carregam certa magia, seja pela história ou pelas lendas que circundam a região. E estamos falando de destinos reais, não Hogwarts ou Avalon, por exemplo, mas aqueles que você pode visitar mesmo (assim que a pandemia deixar, é claro).
Se você carrega a bruxaria em si ou é fascinado pelo tema, inclua estes destinos recomendados pelo Lonely Planet na sua bucket list:
1. Pendle Hill, Reino Unido
A escolha mais óbvia no Reino Unido seria Stonehenge, porém, mais ao norte ocorreu o julgamento de bruxas mais conhecido de toda a Inglaterra. Ele ocorreu em Pendle Hill, uma montanha em Lancashire, no século 17.
Trata-se de fascinante história de duas propriedades matriarcais, das famílias Demdike e Chattox, que conseguiram destruir uma à outra com acusações de bruxaria. Muitos historiadores acreditam que ambas as chefes de família provavelmente se anunciavam como praticantes de bruxaria, e que a troca de acusações era um tanto comum naquela parte do país, que chegou a ser conhecida como “interior bruxo”.
Em 2012 ocorreu o aniversário de 400 anos deste julgamento, e marcou a inauguração de uma trilha de 82 km chamada “Passeio das Bruxas de Lancashire”. O caminho leva de Barrowford até o Castelo de Lancaster, onde os acusados foram julgados. Descobertas recentes na região incluem uma então chamada “cabana da bruxa”, que contém gatos mumificados que foram colocados entre as paredes. Os historiadores, no entanto, ainda buscam a Torre Malkin, suposta sede do coven Demdike.
2. Catemaco, México
Ao lado das belas cachoeiras e praias intocadas de Catemaco, a principal atração turística do local é a sua longa história com feitiçaria, predominantemente praticada por bruxos. Magia de todas as cores estão à disposição durante todo o ano, apesar dos locais terem suas discussões sobre quem são os farsantes e quem são os praticantes legítimos das crenças xamânicas.
As origens exatas destes rituais deixam os antropologistas perplexos até hoje, mas há um consenso de que eles sejam uma mistura de crenças pré-hispânicas que foram misturadas ao catolicismo. O próprio prefeito da cidade é um bruxo e lidera um ritual de três dias, que começa na primeira sexta-feira de março com uma “missa negra” celebrada próximo ao lago da cidade. O ritual atrai turistas e fornecedores de fortunas, feitiços e poções.
3. Siquijor, Filipinas
Apelidada de “Ilha das bruxas” pelos colonizadores espanhois do século 17, Siquijor ainda mantém uma forte tradição com seus curandeiros locais, chamados de mananambal, e feiticeiros (mambabarang).
Os curandeiros locais organizam um grande “Festival de Cura” na semana que antecede a Páscoa cristã. É o ápice de uma celebração que dura sete semanas reunindo ingredientes naturais nas sextas-feiras de jejum. Isso resulta nas populares poções do amor ou ervas medicinais, ao mesmo tempo em que rituais e leituras também são realizados.
Há também um lugar supostamente encantado, onde se encontra uma árvore balete que já possui mais de 400 anos. A árvore é a maior e mais antiga da espécie na província e também é lar a uma nascente que vem diretamente de suas raízes retorcidas. Antigamente também se dizia que o local abrigava criaturas sobrenaturais.
4. Montanhas Harz, Alemanha
O ponto mais alto das Montanhas Harz, localizadas no norte da Alemanha, é chamado de Brocken, e há muito tempo tem sido associado a lendas sobre bruxaria — algumas fontes até associam o local ao sacríficio do deus saxão Woden (equivalente a Odin, da mitologia nórdica). O topo também era conhecido por ser o ponto de encontro das bruxas na Noite de Santa Valburga, celebrada em 30 de abril. A lenda foi imortalizada pelo poema “Fausto”, de Goethe.
Recentemente, a Noite de Santa Valburga tem ressurgido para resgatar suas origens pagãs, afastando-se do então adaptado festival cristão cujo objetivo era justamente se proteger das bruxas. Hoje em dia, acabou se tornando mais uma oportunidade de se vestir a caráter e dançar com elas.
Há variações da celebração em diversas partes do Leste Europeu e na Escandinávia, mas ainda se mantém uma tradição essencialmente alemã e com epicentro nas Montanhas Harz. Assim como as festividades que ocorrem no próprio Brocken, as cidades vizinhas de Thale, Wernigerode e Goslar abraçam a data comemorativa e promovem festividades locais.
A Hexentanzplatz (que literalmente significa “pista de dança da bruxa”) é um local nas Montanhas Harz que abriga esculturas horripilantes de bruxas e demônios ao longo de todo o ano. Para as bruxas com inclinações mais botânicas, as trilhas de caminhadas são populares em todos os meses do ano.
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5. Lima, Peru
O xamanismo tem raízes fortes no Peru e acredita-se que tenha surgido em conjunto com a construção de templos exuberantes por todo o país. Tradicionalmente, os xamãs utilizam alucinógenos naturais para se comunicar com o mundo espiritual e com os deuses. Hoje em dia, existem empresas turísticas que oferecem encontros com estes xamãs em um ambiente controlado para que as pessoas possam vivenciar isso.
Uma amostra das tradições xamânicas pode ser vista pelos turistas no Mercado de Bruxas, que fica sob a Estação Gamarra, em Lima. Vendedores locais oferecem todo tipo de curas caseiras para o que quer que esteja lhe afligindo. Ingredientes que podem ser encontrados lá incluem gordura de cobra, entranhas de rãs e fetos de lhama.
6. Ilha de Blå Jungfrun, Suécia
Diz a lenda local que esta é a localização real de Blåkulla (não confundir com o filme Blacula, O Vampiro Negro), uma ilha onde bruxas convocaram o diabo e que já foi acessível somente por avião. Por muitos anos, eram deixadas oferendas na costa da ilha na esperança de agradar as estranhas criaturas que porventura vivessem lá.
Hoje o local virou um parque nacional e abriga um intrigante labirinto de pedras. Arqueólogos também encontraram na ilha evidências de altares pré-históricos e indícios de que eram realizados rituais em algumas das suas cavernas.
Apesar de visitantes serem atualmente bem-vindos nesta ilha inabitada, ela mantém uma atmosfera de agouro para muitos. Todos devem se retirar da ilha antes do anoitecer e, enquanto estiverem lá, devem se ater às trilhas demarcadas. Também é proibido levar embora qualquer pedra da ilha — o que causaria azar ao infrator. Apesar do aviso, alguns turistas se arriscaram a levar as pedras — que são constantemente devolvidas por aqueles que se arrependeram.
7. Nova Orleans, Estados Unidos
Esqueça Salem, onde foram realizados os infames julgamentos contra bruxas: o lugar que é berço da magia nos Estados Unidos é Nova Orleans, no estado da Luisiana, graças à sua rica história com vudu e hudu. Esta mistura exótica entre espíritos da África Ocidental e santos católicos sobrevive desde o século XVIII, em parte graças à lendária Marie Laveau, uma famosa curandeira e sacerdotisa vudu.
Laveau deixou um legado tão popular que seu túmulo é visitado por tours guiados, já que muitas pessoas ainda querem marcar um X em sua tumba, na esperança de que ela realize seus desejos. Ela foi recentemente interpretada por Angela Bassett em American Horror Story: Coven, que se passa em Nova Orleans.
Hoje em dia, as práticas modernas de vudu são bem limitadas na cidade, mas é possível mergulhar na sua história no Museu Histórico Vudu, localizado no Quarteirão Francês, ou em um dos vários tours realizados na cidade.
Assim que a pandemia passar e viagens forem novamente uma realidade, seu roteiro bruxão já está montado com destinos que fogem um pouco do óbvio quando pensamos em bruxaria, mas que carregam muita história e misticismo para os entusiastas da magia.
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