John Carpenter: uma carreira aterrorizante e colossal

Que John Carpenter é um grande mestre do terror todos sabemos. Mas quais os outros interesses do cineasta?

Quando pensamos em diretores de terror, alguns nomes vêm fácil à nossa memória. John Carpenter, sem dúvida, é um deles.

Mas, além de diretor, Carpenter é um artista multitalentoso: é roteirista, produtor, ator e compositor. Considerado um gênio para muitos e inspiração de 9 a cada 10 trabalhadores da indústria do terror, o cineasta iniciou sua carreira nos anos 1970.

Seu primeiro longa metragem como diretor foi no filme Dark Star (1974), que foi co-escrito com Dan O’Bannon — que, mais tarde, criaria Alien, O Oitavo Passageiro, com diversos elementos emprestados de Dark Star. Uma comédia de ficção científica, desde cedo o orçamento curtíssimo da produção, que era cerca de $60.000, fez com que ambos tivessem que realizar diversas tarefas durante as filmagens. Carpenter, que trabalhou na trilha sonora, no roteiro, na direção e na produção, ficou conhecido como um diretor capaz de trabalhar com orçamentos apertados. O’Bannon ficou responsável, entre outras coisas, pelos efeitos especiais, rendendo a ele um trabalho com George Lucas.

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A partir de então, John Carpenter se tornou um nome para prestar atenção. Mesmo com filmes que não fizeram sucesso imediatamente nas bilheterias, logo os fãs transformavam as produções em clássicos. De seus filmes mais conhecidos, como Halloween: A Noite do Terror (1978), O Enigma de Outro Mundo (1982), Os Aventureiros do Bairro Proibido (1986), Eles Vivem (1988), aos que não são tão lembrados, como Alguém me Vigia (1978) e À Beira da Loucura (1994), algum filme fará você se encantar com a forma de John Carpenter contar histórias.

John Carpenter atingiu o status de mestre do terror ainda nos anos 1980. Mas, depois de alguns anos sem dirigir filmes, o que ele tem feito? Existem outras facetas da vida do cineasta que são, muitas vezes, esquecidas pelos fãs.

Um exímio compositor

Além de fazer a maioria das trilhas sonoras de seus filmes, outras produções muito conhecidas do público de horror também tomaram emprestadas suas músicas: Planeta Terror (2007), com a música “Back to the Pod / The Crazies Come Out”; Stranger Things (2016–), com a música “The Bank Robbery”; Bacurau (2019), com a faixa “Night”; e Terror no Estúdio 666 (2022), com a música “Studio 666”.

A música é fácil para mim, ela simplesmente surge como uma fonte na encosta de uma montanha. — John Carpenter

Filho de um professor de música, Carpenter contou em entrevista ao site PopMatters que cresceu em uma casa repleta de música. Apesar de sua paixão principal sejam os filmes, a música entrou em sua vida e simplesmente aconteceu. Ele afirmou que “a música é fácil para mim, ela simplesmente surge como uma fonte na encosta de uma montanha. Não é grande coisa criar, então estou amando o lado musical das coisas agora, as ideias ainda estão crescendo por aí”.

Desde 2015, Carpenter tem trabalhado em músicas com seu filho, Cody Carpenter, e Daniel Davies, filho de Dave Davies da banda The Kinks e afilhado do cineasta. Os álbuns Lost Themes (2015), Lost Themes II (2016) e Lost Themes III: Alive After Death (2021), chamaram a atenção dos fãs de músicas eletrônicas e do trabalho de Carpenter. O trio também trabalhou na trilha sonora da nova trilogia de Halloween, de David Gordon Green, e na trilha sonora de Chamas da Vingança (2022), de Keith Thomas.

Carpenter, artista e gamer

Em suas horas livres, Carpenter é um grande fã de jogos. Em suas redes sociais, é comum vermos ele falando sobre seus jogos favoritos. Em entrevista ao The New Yorker, reproduzida pelo site Level Up, Carpenter conta que começou sua paixão por games em 1992, com Sonic the Hedgehog. Seu filho, Cody, o apresentou para o restante dos jogos mais novos, como Halo.

Já em outra entrevista, desta vez para o site The A.V. Club, Carpenter menciona que alguns de seus jogos favoritos são Jak and Daxter, Crash Bandicoot e Ratchet & Clank. Entre os mais novos, os que figuram na lista são Fallout 76, Borderlands e Horizon Forbidden West. Perguntado se prefere os jogos novos ou antigos, Carpenter disse que joga ambos. Mas, seu interesse, quando se tratam de jogos mais novos, são as possibilidades dos jogos open-world e de exploração.

Um grande fã de Godzilla

Em novembro de 2022, John Carpenter apresentou uma grande maratona da série de filmes Godzilla para o canal Shout! Factory. Quando o teaser do projeto foi lançado, os fãs ficaram ansiosos para descobrir se seria uma nova produção do cineasta — o que resultou em algumas decepções. 

Em entrevista ao site Screen Rant, Carpenter conta que desde os anos 1950 é um fã de Godzilla, quando assistiu ao primeiro filme no cinema: “Eu simplesmente me apaixonei por esse filme e sou fã de Godzilla desde então. Eu tive filhos e os criei, e eles são fãs de Godzilla, então está na família, está no sangue, você não pode escapar”.

O primeiro filme, de 1954, é seu favorito. Ao ser perguntado como os filmes de Godzilla influenciaram sua vida, Carpenter conta que a questão, para ele, é a ambientação, o clima. 

Infelizmente, se os fãs esperavam que Carpenter algum dia fosse trabalhar com Godzilla, é melhor tirarem o kaiju da chuva. O cineasta afirmou na entrevista que não é esse o tipo de filme que faz. Seus monstros são todos de tamanhos humanos, ou menores. Os efeitos especiais, também, seriam um desafio que ele já avisou que não está disposto a tentar e que prefere só assistir. 

John Carpenter irá dirigir de novo?

Mestres e astros do terror que há tempos não estavam na ativa estão retornando aos poucos aos holofotes, assim como antigas franquias amadas pelos fãs. Dario Argento, por exemplo, afastado há 10 anos da direção, retornou em 2022 com Occhiali neri. Shelley Duvall, 20 anos longe da atuação, está retornando para o filme de terror The Forest Hills. Mesmo Chucky, o boneco assassino, ganhou uma série de sucesso pelas mãos de seu próprio criador, Don Mancini.

O que não falta é esperança nos fãs do gênero de verem seus realizadores favoritos retornando à ativa. Então, uma das grandes questões é: John Carpenter voltará à cadeira de diretor?

Pode ser que sim. Em entrevistas recentes Carpenter comentou o quanto sente falta de dirigir, mas como hoje as coisas são tão diferentes na época em que ele fazia filmes, é um empecilho para sua forma de trabalhar. Entretanto, envolvido em tantos projetos, como o retorno de Halloween, direção de alguns videoclipes, como Christine, em 2017, nada impede que Carpenter retorne como diretor em algum projeto mais adiante.

Aliás, como bem apontou uma postagem da Fangoria em agosto do ano passado, Carpenter esteve presente na Steel City Con, e o jornal Pittsburgh Post-Gazette fez uma entrevista com o artista. Aparentemente, Carpenter tem alguns projetos na manga, que estão sendo “alinhados e filtrados”. 

A única condição de Carpenter, entretanto, como ele afirmou em para a Variety, é que, se for dirigir um filme, que a agenda lhe permita assistir aos jogos de basquete da temporada e aos playoffs.

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Qual seu filme favorito da carreira de John Carpenter? Você gostaria de ver o diretor novamente atrás das câmeras? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.