A magia do cinema consiste em diversas pessoas trabalhando juntas, tirando as ideias do papel e transformando-as em imagens. Diretores, roteiristas, atores, todos fazem parte desse processo. E, claro, quando falamos de filmes de gênero — sejam eles de fantasia, ficção científica ou terror —, a equipe técnica tem um papel de imenso destaque.
Os bons efeitos especiais podem transformar um filme que seria pouco lembrado em um clássico instantâneo. Grandes mestres como Tom Savini, Stan Winston, Rick Baker, Ve Neill, entre tantos outros, se tornaram lendas ao trabalharem em grandes filmes — com maquiagens e próteses, bonecos gigantes e miniaturas impressionantes.
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Alguns outros artistas preferem se reunir em equipes. Esse é o caso do grupo KNB. Formado em 1988 por Robert Kurtzman, Greg Nicotero e Howard Berger, o estúdio de efeitos especiais fez alguns trabalhos impressionantes ao longo dos 33 anos de atividade até agora.
O início
Kurtzman, Nicotero e Berger trabalhavam como freelancers no início da década de 1980. Berger e Nicotero se conheceram enquanto trabalhavam com os efeitos especiais de Dia dos Mortos (1985, dir. George A. Romero), sob a supervisão de Tom Savini. Enquanto isso, Kurtzman foi contratado para ser assistente de John Carl Buechler, assumindo o lugar que antes era de Berger. Dois anos depois, os três acabaram se reunindo para trabalhar em Uma Noite Alucinante 2 (1987, dir. Sam Raimi).
Em 1988 surgiu o KNB EFX Group. O nome vem da união das primeiras letras dos sobrenomes dos três membros originais. O primeiro trabalho que o estúdio conseguiu foi em Violência e Terror, filme de Scott Spiegel, que já havia trabalhado com os três em Uma Noite Alucinante 2.
Seus próximos trabalhos envolveram principalmente sequências de filmes de terror — em sua maioria, com lançamentos diretamente em vídeo ou TV, como A Hora do Pesadelo 5: O Maior Horror de Freddy (1989), Halloween 5: A Vingança de Michael Myers (1989), O Massacre da Serra Elétrica 3 (1990) e A Noiva do Re-Animator (1990).
Esses filmes, geralmente de baixo orçamento, fizeram com que eles trabalhassem utilizando todos os recursos possíveis. Mas, entre 1989 e 1990, duas produções ajudaram a consolidar de vez o nome do KNB na indústria cinematográfica. Um deles foi Um Médico Irreverente, de 1989, dirigido por Thom Eberhardt e produzido por Debra Hill. Romero recomendou o trabalho da equipe para Hill, que os contratou com um orçamento maior do que o que vinham produzindo desde então. O filme chamou a atenção de Kevin Costner, que os contratou para seu filme Dança com Lobos (1990).
Os anos 1990
De acordo com Nicotero, foi a partir de Dança com Lobos que a visão de que o estúdio trabalhava somente com filmes de terror foi quebrada. A partir desse momento, diversos outros trabalhos começaram a surgir — mas jamais abandonando as origens aterrorizantes que os levaram até ali.
Os anos 1990 trouxeram como trabalhos Louca Obsessão (1990, dir. Rob Reiner), As Criaturas Atrás das Paredes (1991, dir. Wes Craven), Uma Noite Alucinante 3 (1992, dir. Sam Raimi), Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994, dir. Quentin Tarantino), À Beira da Loucura (1994, dir. John Carpenter), Um Vampiro no Brooklyn (1995, dir. Wes Craven), Um Drink no Inferno (1996, dir. Robert Rodriguez), Pânico (1996, dir. Wes Craven), Spawn, o Soldado do Inferno (1997, dir. Mark A.Z. Dippé), À Espera de um Milagre (1999, dir. Frank Darabont), entre tantos outros.
Os trabalhos do grupo não estavam somente no âmbito da maquiagem e dos efeitos práticos para o gore. Em Um Médico Irreverente, de 1989, foi o quão real eram os cadáveres produzidos pelo KNB que chamaram a atenção da audiência e Kevin Costner. Quando o KNB contatou Reiner para trabalharem em Louca Obsessão, a intenção de Reiner foi rejeitá-los, pois não queria o mesmo nível de gore que o livro de Stephen King tinha. Mas, foi com o aspecto de realismo que conseguiram fazer com que Reiner os contratasse.
A equipe também trabalhou com animatrônicos e outros tipos de bonecos. Em Amigos, Sempre Amigos, eles fizeram bezerros animatrônicos, assim como alguns outros tipos de autômatos em Uma Noite Alucinante 3. Cada vez mais, ao longo dos anos 1990, a equipe passou a trabalhar com esses elementos, além de próteses para filmes de comédia e seus trabalhos realistas.
Esse realismo também influenciou na parceria de longa data com Quentin Tarantino, iniciada em Cães de Aluguel, e que durou os anos 1990 e 2000, incluindo Pulp Fiction, Kill Bill, entre outros.
“Eu amo monstros e amo fazer monstros”
Após o lançamento de Jurassic Park, em 1993, houve um receio generalizado de que o CGI pudesse acabar com alguns trabalhos na indústria. Mas, como Berger comenta em entrevista para o SyFy Wire, “Conforme o CGI fica melhor, ele se torna uma ferramenta do diretor preguiçoso e, adivinhe, às vezes parece muito ruim. Eu amo monstros e amo fazer monstros, e até agora ainda estou fazendo muitos”.
Os anos 2000 e 2010
Kurtzman deixou a companhia em 2003, mas Berger e Nicotero seguiram trabalhando juntos, em filmes de terror e fantasia. Em 2005, o KNB trabalhou com os animatrônicos de As Crônicas de Nárnia: O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, com direção de Andrew Adamson. Inicialmente o filme seria todo trabalhado em CGI, mas a equipe acabou insistindo — o que lhes garantiu o Oscar e um BAFTA de Melhor Maquiagem e Penteados.
Um dos grandes acontecimentos para o KNB foi a série The Walking Dead. Lançada em 2010, Nicotero trabalhou com a maquiagem na série desde o início, o que garantiu uma série de prêmios ao estúdio ao longo de seus 11 anos em que foi ao ar.
Em 2011, Donna Davies dirigiu o documentário Nightmare Factory, sobre a história do grupo e conta com a presença de personagens marcantes como Romero, Tarantino, Robert Rodriguez, Elijah Wood, Carpenter, Frank Darabont e Norman Reedus. Em 2018, Nicotero se reuniu com outros grandes nomes da indústria no documentário History of Horror, idealizado e apresentado por Eli Roth.
Confira alguns outros trabalhos da equipe:
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