Você já deve tê-la visto por aí, em filmes como Os Gritos de Blacula ou Jackie Brown, um dos primeiros sucessos de Tarantino. Pam Grier, estrela de cinema dos anos 1970, foi considerada pelo cineasta como a primeira grande estrela feminina dos filmes de ação.
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Com créditos que incluem nomes importantes e que conhecemos tão bem como Roger Corman e John Carpenter, Pam Grier segue participando de lançamentos, como Cemitério Maldito: A Origem.
A Macabra relembra com carinho um pouco da carreira da atriz.
Os Primeiros Anos
Nascida Pamela Suzette Grier, em 1949 em Winston-Salem, na Carolina do Norte, Grier é filha da enfermeira Gwendolyn Sylvia e do sargento técnico e mecânico Clarence Ransom Grier Jr., que trabalhou na Força Aérea Norte-Americana. Com dois irmãos, a família de Grier se mudava constantemente graças ao trabalho de seu pai.
Em 1956, Grier se mudou com a família para Swindon, no sudoeste da Inglaterra, sendo uma das únicas famílias negras do local. Mesmo assim, a atriz relembra que não havia o racismo ou a segregação que passavam nos Estados Unidos. Apesar de serem poucos negros no local, a Inglaterra, naquele momento, não estava preocupada em “odiar os negros”; a preocupação maior do país, tendo saído há pouco da Segunda Guerra Mundial, ainda eram os alemães. Nos Estados Unidos, principalmente no sul do país, a atriz comenta que eles não podiam entrar em algumas lojas, e até mesmo os ônibus não costumavam parar para eles.
Os Grier retornaram para os Estados Unidos em 1958, com seu pai eventualmente se estabelecendo em Denver. Pam passou parte de sua educação na adolescência no Wyoming, na fazenda de sua avó, onde seus ancestrais reconstruíram suas vidas depois de fugirem da escravidão do sul através de uma das “underground railroad” do período.
Foi em 1967 que Grier se mudou para Los Angeles, começando seu trabalho na American International Pictures (AIP) como telefonista. Acredita-se que a atriz foi descoberta pelo diretor Jack Hill.
Primeiros papéis e o Blaxploitation
Seu primeiro papel creditado no IMDb foi como “quarta mulher” no filme De Volta ao Vale das Bonecas (dir. Russ Meyer, 1970). Mas, logo em seguida, Grier começou a fazer parte de alguns dos filmes de “mulheres em prisões” produzidos por Roger Corman e dirigidos por Hill, como As Condenadas da Prisão do Inferno (1971) e The Big Bird Cage (1972). Nesta mesma época, Grier ainda esteve em A Ilha dos Monstros (1972), de Eddie Romero, e Women in Cages (1971), de Gerardo de Leon.
Entretanto, foi com o movimento blaxploitation que Grier conquistou a maior notoriedade até então. Utilizando protagonistas negros casca-grossa e, por vezes, se aproveitando de estereótipos da comunidade negra estado-unidense com relação aos crimes e a violência, o blaxploitation teve uma alta performance nos anos 1970.
Apesar desses estereótipos, que hoje são apontados e estudados por grandes nomes dos meios acadêmicos, esses filmes surgem em um momento de transformação social que grita por novas representações. Não é à toa que grande parte do sucesso do blaxploitation, naquele momento, veio de comunidades negras.
Os meus filmes foram os primeiros com uma mulher protagonista forte, isso para não mencionar negra. Assim que eles viram os lucros, eles quiseram fazer todos os filmes daquela forma. Eu estava irritada. Você não pode dar às pessoas a mesma coisa sempre. — Pam Grier
Grier interpretava mulheres corajosas, em sua maioria as protagonistas das próprias histórias, e que não tinham medo de chutar bundas. Fazendo um imenso sucesso nesses papéis, logo ficou conhecida como uma grande atriz de ação. Os destaques de sua carreira nesse período são Coffy: Em Busca da Vingança (dir. Jack Hill, 1973); Os Gritos de Blácula (Bob Kelljan, 1973); Foxy Brown (dir. Jack Hill, 1974) e Sheba, Baby (dir. William Girdler, 1975).
Depois da década de 1970, porém, o Blaxploitation começou a perder um pouco o apelo na indústria do cinema em geral, e Grier começou a interpretar papéis menores, como em No Templo das Tentações, adaptação do livro de Ray Bradbury Algo Sinistro Vem Por Aí, dirigido por Jack Clayton e lançado em 1983.
Os anos 1990 e 2000
Apesar de ainda interpretar alguns papéis menores nos últimos anos, Pam Grier já tinha construído um nome facilmente identificável. Ao passar da década de 1990, diretores de prestígio naquele momento procuravam se encontrar com Grier para discutir novos trabalhos.
A nostalgia de décadas passadas, aliada à essa vontade de trazer grandes nomes de volta aos holofotes com participações especiais, fez Grier trabalhar com nomes como Quentin Tarantino, em Jackie Brown (1997), uma homenagem aos filmes blaxploitation dos anos 1970; John Carpenter, em Fuga de Los Angeles (1996) e, posteriormente, em Fantasmas de Marte (2001); e Tim Burton em Marte Ataca! (1996).
Grier não deixou as participações em filmes e séries de ação, mas os fãs de terror se lembram com carinho de suas participações no gênero. Além dos trabalhos com Carpenter e Burton, Pam Grier esteve também em Bones, o Anjo das Trevas (dir. Ernest R. Dickerson, 2001) e, depois de uma pausa nos filmes ao longo da década de 2010, retornou com O Homem Com Punhos de Ferro (dir. RZA, 2012) — que não é um filme de terror, mas guarda muitos elementos especulativos, e tem roteiro assinado por Eli Roth.
Mais recentemente, Pam Grier esteve na nova adição da franquia Cemitério Maldito. O novo filme, Cemitério Maldito: A Origem, dirigido por Lindsey Anderson Beer, serve de prequel para a história clássica da família Creed, que se muda para uma cidadezinha e passa pelo inferno ao descobrir um cemitério de animais no fundo de sua casa.
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