É impossível negar a crise climática. Com alterações de temperaturas tão díspares de anos anteriores, além de diversos outros desastres acontecendo ao mesmo tempo — de degelos de geleiras a pessoas falecendo devido à altas temperaturas —, é notável que o colapso climático está se desenvolvendo cada vez mais rápido — mais, até, do que os cientistas mais pessimistas poderiam esperar.
O eco-horror vem de encontro com esse medo: o medo do colapso iminente. O planeta Terra já passou por diversos cataclismos ao longo de sua história, e deveríamos ter aprendido alguma coisa com eles. Mas, pelo visto, não aprendemos muito. Animais que passam por mutações graças a produtos químicos humanos, fungos assassinos que estão prontos para dizimar a humanidade, e até mesmo a própria floresta, criando vida e um culto ao seu redor (que talvez nem os pioneiros do folk horror não seriam capazes de imaginar), são alguns dos temas utilizados no eco-horror.
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Em artigo na Mubi, a autora discorre como o elemento-chave para o eco-horror é “a natureza se tornar sinistra e se virar contra a humanidade de forma maliciosa”. De certa forma, o eco-horror nos mostra como a natureza responde aos anos de violência sofrida contra ela, em uma vingança assombrosa e incontrolável
A Macabra lista sete filmes de eco-horror, lançados ao longo das décadas e em vários cenários, para você ficar por dentro desse subgênero (e completamente aterrorizado com as possibilidades do futuro).
Os Pássaros
The Birds, 1963 // Melanie Daniels (Tippi Hedren) está em um pet shop quando se interessa repentinamente por um homem. Indo atrás dele até a cidadezinha costeira onde ele mora com a mãe, Melanie espera conhecê-lo melhor. Ela não esperava, entretanto, que a cidade passasse por um momento de revolta das aves bem no momento em que ela visitava o local. O clássico de Hitchcock, que foi inspirado em uma história de Daphne Du Maurier, não deixa claro o motivo dos pássaros atacarem, mas é difícil não pensarmos em um tipo de acerto de contas e na ironia do filme abrir com a personagem Melanie comprando pássaros e eles serem os responsáveis por seus pesadelos posteriores.
Um Longo Fim de Semana
Long Weekend, 1978 // O relacionamento de Marcia (Briony Behets) e Peter (John Hargreaves) não está indo muito bem. Com Cricket, o cachorro do casal, eles resolvem acampar em uma praia isolada, causando destruição e perturbando todas as espécies naturais locais por onde passam, até que a natureza resolve agir contra eles — primeiro com pequenas ameaças, até culminar em vingança brutal. Um dos maiores exemplos do eco-horror, o filme foi dirigido por Colin Eggleston e escrito por Everett De Roche.
A Semente do Diabo
Prophecy, 1979 // Rob (Robert Foxworth) e sua esposa Maggie (Talia Shire) viajam ao Maine como pedido de um amigo, que gostaria que Rob pesquisasse o impacto da indústria madeireira no local. Chegando lá, Rob descobre diversas anomalias preocupantes nos animais, e ouve que povo nativo do local tem caído doente, além de todos os bebês estarem nascendo com deformidades. Mesmo que descubra o que está havendo, pode ser tarde demais para Rob, pois sua esposa estava grávida antes da viagem. Será que Rob conseguirá deter o que está acontecendo naquela área? Dirigido por John Frankenheimer, com roteiro de David Seltzer — roteirista de A Profecia —, A Semente do Diabo é uma boa mistura de filme de monstro com as consequências desastrosas da ação humana na natureza, coroado com ótimos efeitos práticos.
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Mutação
Mimic, 1997 // Quando uma praga de baratas começa a ameaçar as pessoas em Manhattan, a entomologista Susan Tyler (Mira Sorvino) cria um novo tipo de inseto para tentar deter essas criaturas. O problema é que Tyler não contava que a evolução fosse cumprir seu papel de forma tão eficaz e, três anos depois, os insetos de Tyler são o novo problema, sofrendo uma mutação e se tornando um grande perigo. Se você gosta mais de cenários urbanos e acredita fielmente na afirmação de dr. Malcolm em Jurassic Park que diz que a vida encontra um jeito, este filme de Guillermo del Toro é pra você.
Colapso no Ártico
The Last Winter, 2006 // Uma empresa de petróleo está prestes a construir uma estrada para explorar o Refúgio Nacional de Vida Selvagem do Ártico Norte. Apesar de terem entrado em um tipo de acordo com as entidades ambientais do local, para diretrizes e normas de segurança, ainda assim algo de errado começa a acontecer. Um estranho gás está levando as pessoas à loucura e, em seguida, à morte. Vazamento de gás ou vingança da natureza? Dirigido por Larry Fessenden, Colapso no Ártico é uma boa união de filme de desastre ambiental com elementos sobrenaturais.
Fim dos Tempos
The Happening, 2008 // Há algo de errado com a humanidade. Uma estranha praga tem acometido a população, fazendo com que todos os infectados comecem a cometer suicídio. Elliot Moore (Mark Wahlberg), sua esposa Alma (Zooey Deschanel), seu amigo Julian (John Leguizamo), e a filha dele, Jess (Ashlyn Sanchez), embarcam em um trem para tentar fugir da catástrofe. Mas será que eles irão conseguir encontrar um lugar seguro? Dirigido e escrito por M. Night Shyamalan, Fim dos Tempos questiona o papel da humanidade e do meio ambiente.
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Gaia
Gaia, 2021 // Após se ferir em uma missão de reconhecimento em uma área florestal, Gabi (Monique Rockman) encontra dois homens vivendo no local, Barend (Carel Nel) e seu filho Stefan (Alex van Dyk). Ambos cuidam da ferida da mulher, mas logo ela percebe que há algo mais acontecendo. Barend e Stefan tem uma relação diferente com a floresta, e a floresta também tem uma relação diferente com eles. Enquanto tenta descobrir com o que está lidando, Gabi logo descobre uma estranha infestação fúngica acontecendo na floresta. Tudo está conectado. Como ela poderá lidar com isso? O filme foi dirigido por Jaco Bouwer.
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