O terror oriental e seus remakes ocidentais

Os remakes de filmes orientais de terror fizeram sucesso durante a década de 2000. Listamos 10 produções macabras que foram refilmadas nos Estados Unidos.

Um fenômeno aterrorizou as telas de cinema durante os anos 2000. Crianças amaldiçoadas, espíritos vingadores e o uso da tecnologia para que entidades malignas pudessem se manifestar agitaram salas de cinema e criaram uma tendência. Parte dos filmes de terror que fizeram sucesso e foram lançados nessa década eram remakes de filmes orientais

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Além de nos apresentar histórias que não conhecíamos antes, esses remakes nos fizeram abrir os olhos para uma produção contínua de histórias assustadoras do outro lado do mundo. Mesmo com alguns grandes clássicos orientais do terror serem conhecidos no ocidente, como Onibaba (1964), O Gato Preto (1968), Hausu (1977) e A Chinese Ghost Story (1987), às vezes nos esquecemos de produções mais recentes.

Mas, ao mesmo tempo, esses remakes sempre trazem reflexões: existia a necessidade de refazer esses filmes? O que isso diz sobre a produção norte-americana? Por que adaptar histórias orientais para um público ocidental? Uma das questões levantadas no texto Hollywood’s J-Horror Remake Mistake, de Mary Beth McAndrews para o site Film School Rejects, é que um dos maiores problemas desses remakes são os contextos. Retirar partes importantes da espiritualidade oriental, de suas lendas urbanas que carregam conexões muito íntimas com a sociedade local, inserindo em uma noção de cinema e de como se contar uma história das produções norte-americanas, faz com que esses filmes se percam em seus propósitos originais.

Mesmo com essas questões estabelecidas durante a primeira década do século XXI, Hollywood parece não ter intenções de encerrar essas produções. Os remakes norte-americanos não desapareceram, mas se expandiram. Além de histórias orientais, histórias de outros lugares fora dos Estados Unidos, como REC e Deixe Ela Entrar, receberam remakes norte-americanos. Em 2020 tivemos uma nova versão do filme O Grito, e recentemente tivemos o anúncio de um remake para o sucesso sul-coreano Invasão Zumbi (2016).

Mas, é inegável também que essas produções têm procura e são um campo rentável para a indústria do terror. Alguns fãs gostam tanto das histórias norte-americanas quanto de suas versões originais.

Listamos dez remakes de filmes orientais que tiraram o sono do público nos anos 2000.

Imagens do Além

Shutter, 2008 // Um casal recém-casado, de mudança para o Japão, descobre fotografias aterrorizantes que eles revelaram após um acidente. Quando as fotografias tiradas após alguns dias continuam aparecendo com manchas, eles passam a acreditar que é o espírito de uma jovem que morreu no acidente se manifestando. O filme foi dirigido por Masayuki Ochiai, e é um remake do filme tailandês Espíritos: A Morte Está ao seu Lado, de 2004, dirigido por  Banjong Pisanthanakun e Parkpoom Wongpoom. Foi o primeiro filme produzido pelos Estados Unidos que Ochiai dirigiu e, apesar do filme original ser tailandês, ele preferiu transportar a história para o Japão e filmar em sua terra natal.

Uma Chamada Perdida

One Missed Call, 2008 // Diversas pessoas começam a receber ligações de seus eus do futuro. Nas mensagens, há o dia, a hora e alguns detalhes de suas próprias mortes. Dirigido por Eric Valette, é remake do filme japonês Uma Chamada Perdida, dirigido por Takashi Miike, lançado em 2003 e baseado no livro de mesmo nome de Yasushi Akimoto. Assim como aconteceu com O Chamado, livro original teve certo sucesso no Japão, fazendo com que o filme de 2003 tivesse duas continuações, Chakushin ari 2 (2005) e Chakushin ari final (2006), e ainda outra versão, contada no formato de série para TV em 2005 chamada Chakushin ari. O remake, entretanto, não recebeu sequências.

Espelhos do Medo

Mirrors, 2008 // Um ex-policial e sua família se tornam alvos de forças malignas que utilizam os espelhos para se manifestar. Dirigido por Alexandre Aja, é um remake do filme sul-coreano Espelho, de Sung-ho Kim, lançado em 2003. Originalmente, o filme seria um remake mais fiel e direto do filme original, mas quando Aja entrou para o projeto ele ficou insatisfeito com uma série de detalhes, e apesar de manter o conceito da obra de Sung-ho Kim, fez diversas alterações no enredo. O filme norte-americano ganhou uma sequência direto para vídeo, em 2010, chamada Espelhos do Medo 2.

O Mistério das Duas Irmãs

The Uninvited, 2009 // Uma garota, após passar alguns anos em uma instituição mental, retorna para casa e percebe que sua madrasta está prejudicando sua melhora. Ao mesmo tempo, a jovem começa a ter visões de sua mãe já falecida. O filme foi dirigido por Charles e Thomas Guard, e é um remake do filme sul-coreano Medo, de Jee-woon Kim, lançado em 2003. Antes de O Mistério das Duas Irmãs, os irmãos Guard não haviam dirigido nenhum outro longa. Com o sucesso de O Grito e O Chamado, eles se sentiram inspirados em partirem para os filmes longos. Os produtores Walter F. Parkes e Laurie MacDonald também foram influenciados pelo sucesso dos dois remakes norte-americanos e queriam outro filme oriental para trabalharem. Quem apresentou Medo a eles foi o produtor Roy Lee.

Pulse

Pulse, 2006 // Um jovem hacker, sem querer, sintoniza em uma conexão sem fio macabra, e seus amigos terão que fazer o possível para evitar que um mal terrível domine o mundo. Dirigido por Jim Sonzero, o filme é um remake de Kairo, filme japonês de 2001, de Kiyoshi Kurosawa. O filme norte-americano teve duas sequências: Pulse 2 (2008) e Pulse 3 (2008). Originalmente o filme seria dirigido por Wes Craven, que também escreveu o roteiro, mas Craven desistiu antes da produção começar. Em entrevista para a Fangoria, Craven disse que odiou o filme, e afirmou que muitas coisas em seu roteiro foram alteradas por Ray Wright, pouco lembrando o que Craven havia escrito. Ele acabou dispensando qualquer envolvimento com o filme.

O Grito

The Grudge, 2004 // Uma enfermeira norte-americana vivendo em Tóquio acaba sendo vítima de uma terrível maldição que pode lhe custar a vida. O Grito tem algumas especificidades em relação a outros remakes do período que são interessantes de serem percebidas. A primeira produção dessa história foi no média-metragem Ju-on: A Maldição, lançado em 2000 e criado por Takashi Shimizu. Em 2002, Shimizu realizou uma segunda versão, um remake de seu próprio trabalho lançado dois anos antes. É em 2004 que a história da casa amaldiçoada cruza oceanos e é realizada nos Estados Unidos novamente pelas mãos de Shimizu. O diretor esteve em contato com as três primeiras versões da mesma história, e também dirigiu sua sequência O Grito 2, de 2006. O filme recebeu outra sequência, O Grito 3, com direção de Toby Wilkins e um remake, como mencionamos, em 2020, dirigido por Nicolas Pesce.

O Chamado

The Ring, 2002 // Uma jornalista precisa investigar uma macabra fita de vídeo que, ao que parece, causa a morte de quem a assiste em até sete dias. Dirigido por Gore Verbinski, O Chamado, assim como O Grito, foi um fenômeno em sua estreia e movimentou os cinemas e locadoras, e foram os dois remakes mais bem sucedidos de filmes orientais. É um remake do filme Ring: O Chamado, dirigido por Hideo Nakata e baseado no livro Ring, de Kôji Suzuki, de 1991. A história da fita amaldiçoada fez bastante sucesso no Japão principalmente, e Ring tem ainda outras versões, como o filme para TV, Ringu, de 1995, Ringu: Saishûshô, uma minissérie de 12 episódios de 1999, e Ling, um filme sul-coreano.

Água Negra

Dark Water, 2005 // Mãe e filha, após uma disputa judicial complicada sobre a guarda da criança, se refugiam em um prédio com apartamentos antigos. Porém, logo começam a temer pelas próprias vítimas quando percebem que são alvos de um espírito maligno de um antigo morador. Dirigido por Walter Salles, é um remake do filme japonês Água Negra, lançado em 2002 e dirigido por Hideo Nakata. O filme original é baseado no livro de mesmo nome de Kôji Suzuki. Tanto Nakata, como diretor, quanto Suzuki, como escritor da obra original, também foram responsáveis por Ring: O Chamado

Ecos do Mal

The Echo, 2008 // Um ex-presidiário se muda para um prédio e acaba presenciando uma briga doméstica. Quando tenta intervir, acaba sendo alvo de uma estranha maldição. Dirigido por Yam Laranas, é um remake do filme filipino Sigaw, de 2004, dirigido também por Laranas — a versão norte-americana foi o primeiro filme de Laranas nos Estados Unidos.

Godzilla

Godzilla, 2014 // Por último, mas não menos importante, é sempre bom lembrar que Godzilla já era uma franquia de sucesso muito antes de ter seus filmes refeitos no Ocidente. Outras versões de Godzilla foram feitas, como Godzilla, O Monstro do Mar (1956), Godzilla (1998) e Shin Gojira (2016), mas o Godzilla mais recente e o que está sendo utilizado no multiverso atual dos monstros gigantes, aquele que inicia a história de Godzilla, é o de 2014, dirigido por Gareth Edwards, que tem como sequência Godzilla II: Rei dos Monstros e em breve se juntará a Kong no filme Godzilla vs Kong. Após um trágico acidente nuclear em sua infância, um jovem retorna ao Japão para ajudar seu pai que está obcecado em encontrar respostas sobre a causa real do acontecimento que matou sua esposa. O filme original, Gojira, data de 1954 e foi dirigido por Ishiro Honda. 

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E aí, qual sua opinião sobre os remakes de filmes orientais? Qual o seu favorito? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.