Garotos e garotas de todas as idades, vocês gostariam de ver algo estranho? Uma cidade destinada ao Halloween, onde vivem os monstros e criaturas da noite. Comandada por Jack Skellington, o Rei do Halloween, a vida da cidade orbita o dia 31 de outubro.
O Estranho Mundo de Jack, um dos grandes clássicos em stop motion já criados, foi lançado em 1993. Dirigido por Henry Selick, a partir de história e personagens criados por Tim Burton, o filme se tornou extremamente querido para os fãs de horror e do macabro. De fato, O Estranho Mundo de Jack foi porta de entrada ao universo do horror para muitas crianças, que se apaixonaram pelo universo sinistro assim que viram aquele esqueleto elegante.
Na história, Jack Skellington está um pouco cansado de sua vida como Rei do Halloween. Certo dia, na floresta, ele descobre uma porta que leva a outros feriados — um deles, o Natal. Jack se apaixona pelo que vê, e decide levar o Natal para o Halloween, e o Halloween para o Natal. Seu plano, entretanto, dá errado, e coloca em risco um dos maiores símbolos natalinos: o Papai Noel.
Um universo fascinante, com músicas que se tornaram clássicos — já perdemos as contas de quantos covers de “This is Halloween” foram gravados — e personagens cativantes, O Estranho Mundo de Jack é o filme perfeito para essa época do ano.
Prepare seu chocolate quente, acenda o pisca-pisca e venha conferir as curiosidades que a Macabra selecionou sobre a produção.
Henry Selick na direção
Durante muitos anos, era comum que as pessoas confundissem a direção de O Estranho Mundo de Jack como sendo de Tim Burton. Apesar do estilo bastante parecido com o do cineasta, o responsável pela direção da animação foi Henry Selick, antigo amigo de Burton que, anteriormente, trabalhava nos estúdios Disney. Burton estava ocupado com Batman: O Retorno (1992), e acabou delegando a Selick essa parte do projeto. Mas Burton tem outras ligações com o filme, sendo seu produtor e tendo criado a história e os personagens.
Antes de O Estranho Mundo de Jack, Selick já havia trabalhado em outros projetos, fazendo parte de grupos de animadores — como no caso de O Cão e a Raposa (1981), em que seu nome não é creditado mas que teve parte como animador. Seu grande pontapé inicial, entretanto, veio mesmo com a animação em stop motion de Jack Skellington. Depois do filme, Selick esteve envolvido em outros diversos projetos de animação de sucesso, como James e o Pêssego Gigante (1996), adaptação do livro de Roald Dahl; Coraline e o Mundo Secreto (2009), adaptado do livro de Neil Gaiman; e seu mais novo projeto, Wendell & Wild (2022), que conta com as vozes de Lyric Ross, Keegan-Michael Key e Jordan Peele.
Selick também incorporou a estrela do filme, Jack Skellington, em alguns de seus filmes posteriores. Podemos ver o Rei do Halloween como um pirata assustador em James e o Pêssego Gigante, e também em um momento em que a Outra Mãe, em Coraline, quebra um dos ovos.
Inspirações por trás da história
Uma das grandes inspirações para Burton pensar no Rei do Halloween invadindo a cidade do Natal, como ele conta nos comentários da edição em DVD do filme, foi sua infância na cidade de Burbank, Califórnia. Lá, uma cidade ensolarada que não sofria tantas mudanças climáticas sazonais, as decorações especiais eram sempre um fator importante nessa época do ano, e era muito comum que as lojas aproveitassem o período para colocar decorações de Halloween e Natal ao mesmo tempo nas vitrines.
Antes de seus trabalhos com filmes, Burton foi animador — chegou a trabalhar com Selick, por exemplo, em O Cão e a Raposa. Nessa época, quando ainda começava a preparar seus projetos pessoais, como o curta Vincent, o artista também plantou a primeira sementinha de O Estranho Mundo de Jack. Inspirado no poema “A Visit from St. Nicholas” (que também é reconhecido como “The Night Before Christmas” — “A Noite Antes do Natal”) e fazendo um tipo de paródia em cima do nome, Burton escreveu o poema “The Nightmare Before Christmas”. Abaixo, um vídeo onde Sir Christopher Lee declama o poema original de Burton.
Outra forte inspiração para Tim Burton, desta vez para a animação ser feita com stop motion, foram os especiais da produtora Rankin/Bass Entertainment, que desenvolveu algumas técnicas marcantes em stop motion, das quais são reconhecidas até hoje pelos artistas do gênero.
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A cena mais difícil da produção
Uma produção em stop motion tem várias dificuldades que já podemos imaginar: os movimentos, saber exatamente em quais posições o boneco precisa estar para a gravação, a necessidade dos movimentos fluidos, entre tantas questões pequenas mas que podem causar um verdadeiro pesadelo. Para as cenas de O Estranho Mundo de Jack, por exemplo, eram necessários 12 movimentos por segundo, com cada movimento sendo um quadro. O filme levou cerca de três anos para ser completado, com uma equipe de cerca de cem pessoas.
Mas, de todas as cenas da animação, a mais difícil foi a que Jack Skellington tem que abrir a porta para o Natal. Por causa do reflexo, e para que esse take pegasse exatamente o reflexo de Jack, levou um longo tempo até que a filmagem da cena pudesse ser concluída.
Trilha Sonora
Animações geralmente tem trilhas sonoras que grudam na nossa cabeça — ainda mais as animações que pertencem à Disney, com suas músicas contagiantes. E com O Estranho Mundo de Jack isso não foi diferente. Para Danny Elfman, compositor e quem canta as músicas do personagem Jack Skellington, foi o trabalho mais fácil de sua carreira. Danny Elfman é um dos compositores mais lembrados pelos fãs de horror, principalmente por seu envolvimento contínuo com os projetos de Burton. Para ele, o trabalho foi tão fácil porque ele se sente muito parecido com o personagem principal.
E as faixas da trilha sonora ainda guardam uma surpresa: no CD de O Estranho Mundo de Jack oficial contém o início do filme narrado por ninguém menos que Patrick Stewart. O ator foi chamado para fazer a narração introdutória do filme, mas algumas linhas do monólogo foram reduzidas, e acabaram chamando o ator que dubla o Papai Noel, Edward Ivory. para fazer a narração que consta no filme. Então, a participação especial de Stewart acabou ficando como um bônus.
Ainda sobre a voz de Ivory, Selick contou que Vincent Price foi escolhido por Burton para dar voz ao Papai Noel. Ambos já haviam trabalhado juntos anteriormente, em Edward Mãos de Tesoura e no curta Vincent. Infelizmente, após a morte da esposa de Price ele entrou em um luto profundo, o que fez com que ele acabasse afastado do projeto.
Backgrounds dos personagens
Em O Estranho Mundo de Jack nós temos nossos protagonistas e antagonistas mais importantes bem delineados: Jack, Sally, Papai Noel, e Oogie Boogie. Mas grande parte dos habitantes da Cidade do Halloween tem características e personalidades próprias. Eles não foram somente criados e colocados ali sem contexto.
Por exemplo, o trio de sequestradores do Papai Noel, Lock, Shock e Barrel, mesmo sendo considerados vilões na história, foram criados pensando em como crianças de verdade agiriam. Em um aceno ao diretor Ed Wood — figura admirada por Tim Burton, que fez até um filme biográfico contando a história do cineasta — o personagem Behemoth foi criado com base em Tor Johnson, lutador profissional que encontrou a carreira de ator principalmente nos filmes de Wood. O próprio Prefeito da cidade, que tem dois rostos, é uma brincadeira com o termo “político duas caras”. Grande parte dos integrantes da cidadezinha fictícia teve suas histórias pensadas por Burton.
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Sequência
Apesar de ser um filme de enorme sucesso, O Estranho Mundo de Jack não possui uma sequência ainda hoje. E não foi por falta de insistência da Disney.
Tim Burton conta que até chamaram ele para fazer um segundo filme com Jack Skellington, dessa vez com animação em CGI, e não stop motion, mas ele se recusou. Para ele, o filme funciona muito bem como uma peça única, mantendo uma pureza na história.
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