12 coisas absurdas que eram consideradas bruxaria antigamente

Entre os séculos XVI e XVIII qualquer motivo servia para chamar uma mulher de bruxa.

Se você for uma mulher solteira, sem filhos, com um estilo único e independente financeiramente, é muito provável que você fosse acusada de bruxaria em outros tempos. A paranoia na Europa e na América do Norte era tão grande que muitas pessoas foram condenadas à morte por terem sido consideradas bruxas.

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Não se sabe o número exato de pessoas que foram acusadas e executadas neste período, mas estima-se que aproximadamente 60 mil pessoas morreram sob estas alegações somente na Europa. Já nos Estados Unidos, os precursores da caça às bruxas (esta, não a da Guerra Fria) eram os puritanos, que temiam estar entre adoradores do diabo. O julgamento mais famoso foi o das bruxas de Salém, que condenou mais de uma dúzia de pessoas por supostamente provocarem convulsões em crianças.

Mas afinal, quais eram os critérios para saber quem estava envolvido com bruxaria? A seguir apresentamos alguns deles:

1. Ser mulher

Sim, bastava ser mulher para levantar suspeitas. Estima-se que 3 entre 4 pessoas executadas por bruxaria na Europa entre 1580 e 1630 eram mulheres. Porém, é possível que a proporção seja ainda mais discrepante, já que elas dificilmente ganhavam algum tipo de julgamento e em muitos casos eram assassinadas por multidões, sem registro algum.

A questão do gênero também pesou nos julgamentos das bruxas de Salém, em 1692. Dentre os 200 acusados, a maioria era formada por mulheres. Dos 19 condenados à morte, 14 eram do sexo feminino. Este é o reflexo de uma sociedade altamente patriarcal, já que os puritanos levavam muito a sério toda a história de Adão ter sido tentado por Eva.

2. Ter “cara” de bruxa

Um dos aspectos mais perigosos desta perseguição foi a profissionalização dos tais “caçadores de bruxas”. Ali pela metade do século 17 estes “profissionais” alegavam saber se uma mulher era bruxa só de olhar para ela. Verrugas, narizes tortos, mancar ou ter uma corcunda aumentavam as chances da mulher ser acusada de bruxaria (sim, é isso mesmo o que você leu).

Registros dos julgamentos de bruxas provam que a aparência era considerada uma evidência para sustentar a acusação e isso, em muitos casos, foi suficiente para ver mulheres inocentes enforcadas. O problema é que a paranoia era tanta que, somente com base na aparência, muitos vizinhos acabavam denunciando mulheres. Ou seja, desde sempre elas são perseguidas por deliberados padrões de beleza.

3. Ter mais de 40 anos e morar sozinha

Mais uma da série “qualquer motivo é motivo pra ver bruxa”. A maioria das mulheres acusadas de bruxaria estavam com seus 40 e muitos ou 50 e poucos anos no século 17. Algumas eram até mais velhas do que isso. 

Um dos motivos para esta associação entre mulheres mais velhas e bruxaria estaria no fato de muitas delas sofrerem de demência, o que poderia provocar alguns comportamentos vistos como estranhos – e qualquer coisa fora do normal era considerada bruxaria. 

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4. Ser uma mulher sem filhos

Muitas das acusações de bruxaria ocorriam após uma ou várias crianças ficarem doentes ou morrerem repentinamente, sem uma causa conhecida. Um dos exemplos mais emblemáticos disso foi o julgamento das bruxas de Salém, que ocorreu após crianças em um vilarejo apresentarem convulsões. 

Na maioria destes casos, as mulheres sem filhos eram as principais acusadas. Acreditava-se que estas mulheres tinham inveja das mães com seus filhos e utilizavam magia para fazer os pequenos sofrerem. Aliás, este tipo de suspeita infundada existe até hoje em algumas partes do mundo.

5. Gostar de sexo

Antigamente esperava-se que mulheres fossem pudicas e sem qualquer tipo de desejo sexual (aliás, algumas pessoas retrógradas ainda defendem esta ideia nos dias de hoje). Transgredir qualquer tipo de regra, no que dissesse respeito à sexualidade, já era um sinal de alerta de que a mulher poderia ser uma bruxa.

O guia para identificar bruxas no século 16, Malleus Malifcarum, associava o desejo sexual em mulheres com bruxaria. O documento alertava sobre a natureza destas mulheres em tentarem os homens e desviá-los de seus caminhos. Qualquer mulher que praticava sexo fora do casamento certamente seria uma bruxa.

6. Vestir-se diferente dos demais

No ápice da caça às bruxas do século 17, a bruxaria estava nos detalhes, e até nas roupas! Esta suspeita de mulheres que se vestiam diferente era particularmente forte nas comunidades puritanas da América do Norte.

Bridget Bishop foi a primeira a enfrentar o julgamento das bruxas de Salém. O argumento da promotoria era de que ela vestia roupas pretas e usava vestidos estranhos – duas coisas que contrariavam o dress code puritano. Isso, associado a um suposto “estilo de vida imoral” (o que isso significa nós nunca saberemos), foi motivo suficiente para condenar Bridget e enforcá-la na semana seguinte.

7. Ser uma mulher independente financeiramente

Nos séculos 16 e 17, mulheres independentes – ou seja, qualquer uma que vivia sozinha, sem um homem para sustentá-la – eram vistas com bastante desconfiança. Principalmente se a mulher independente levava uma vida financeiramente confortável, o que levava vizinhos invejosos a acusá-la de bruxaria. 

De acordo com registros, 9 de cada 10 mulheres condenadas por bruxaria entre 1620 e 1725 eram financeiramente independentes. Em quase todos estes casos, estas mulheres não tinham irmãos e eram as únicas herdeiras dos bens da família. Apesar disso, muitos tribunais receberam denúncias de que as mulheres conseguiram o dinheiro com magia e eram pressionados a condená-las.

8. Ser canhoto

Se você tem mais habilidade na mão esquerda do que na direita poderia ter sido acusado de bruxaria em outros tempos. Muitas tradições viam algo de sinistro em pessoas canhotas e, é claro, isso também era encarado como um sinal de bruxaria.

Já que a maioria das pessoas é destra e ser canhoto era, portanto, diferente, muitas culturas associavam isso a “uma marca do diabo”. E nem estamos falando apenas das caça às bruxas na Europa e na América do Norte, a ideia de que canhotos eram malignos se estendeu por séculos.

A Igreja era a principal promotora das fake news contra os canhotos. Padres e bispos citavam passagens da Bíblia que sustentavam a ideia de que habilidades no lado esquerdo do corpo estavam associadas ao diabo. Um exemplo é o evangelho de São Mateus, que alerta que no Dia do Julgamento, os bons irão passar à direita de Deus, enquanto os pecadores passarão à esquerda. Sim, isso era motivo suficiente.

9. Ter um gato

Atenção aos amantes de gatos: vocês também seriam todos vistos como bruxos! Pra variar, principalmente as mulheres. A crença vem de antes do cristianismo: na Grã-Bretanha, os povos celtas acreditavam que gatos eram humanos que tinham cometido crimes em vidas passadas e, portanto, após a morte, retornavam ao mundo dos vidos na forma dos bichanos para pagar por seus pecados – se você visse a vida boa que um gato doméstico pode ter, certamente pensaria nesta reencarnação como uma recompensa.

A verdade é que desde então estes animais eram vistos como espíritos malignos, com sua natureza independente. Além disso, eles também foram acusados de causarem a Peste Negra no século 14, resultando na perseguição e morte de muitos felinos. A ironia é que um dos fatores causadores da praga eram ratos, que eram caçados por gatos. Ou seja, matar gatos só piorou a disseminação de doenças.

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10. Deixar laticínios estragarem

Acredite ou não, leite azedo era visto como bruxaria. O porquê disso não se sabe de forma definitiva. No entanto, estudiosos de história da bruxaria descobriram esta “evidência” em textos do século 16. Há citações de uma mulher que coalhava leite da vaca e, com magia, transformava em lã azul. 

Assim como muitas superstições, esta também viajou com os puritanos da América do Norte. Aliás, alguns dos julgamentos das bruxas de Salém utilizaram leite estragado como argumento da acusação. Em alguns dos casos, as testemunhas diziam que as mulheres eram capazes de coalhar o leite só de passar por ele. Provavelmente um dos motivos da acusação era o fato de que vacas que paravam de produzir ou forneciam leite de baixa qualidade podiam causar fome em famílias inteiras, então, sempre se buscava um culpado pra isso. Claro que a culpa recaía sobre as supostas bruxas.

11. Ter um terceiro mamilo

Graças ao Chandler Bing de Friends você sabe que um terceiro mamilo se chama nubbin, ou, em português, mamilo supranumerário. O que talvez você não saiba é que isso era visto como um sinal de bruxaria. Chamados de “teta do diabo”, eles eram apontados pelos caçadores de bruxas como uma marca do capiroto, principalmente nos corpos de mulheres.

12. Ter sinais na pele

Não apenas o terceiro mamilo era visto como uma marca maligna, qualquer sinal na pele era considerada uma “marca do diabo”. Isso incluía pintas, manchinhas de sangue e verrugas que ficassem em alguma parte do corpo à mostra (que eram bem poucas na época). Ah, e claro, a coisa ficava pior quando se tratava de mulheres. 

Não é surpresa pra ninguém que camponesas frequentemente pedissem a amigos, parentes ou médicos de confiança para removerem verrugas de seus corpos. Caso houvesse uma caça às bruxas nos arredores, muitas tentavam retirar por conta própria, o que causava cicatrizes que, para surpresa de ninguém, também eram consideradas prova de algo demoníaco.

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Renunciei à vida mundana para me dedicar às artes da trevas. No meu cálice nunca falta vinho ungido e protejo minha casa com gatos que afastam os espíritos traiçoeiros. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.