O futuro é apenas história: curiosidades de Os 12 Macacos

Clássico da ficção científica, Os 12 Macacos guarda uma história pra lá de atual — o que a torna bem assustadora. Confira algumas curiosidades sobre a obra.

Viagem no tempo, memória, tecnologia, e uma tentativa desesperada de sobrevivência. Os 12 Macacos, filme de Terry Gilliam, com roteiro de Janet e David Peoples, é um salto na experiência aterradora de uma pessoa em busca de salvação — mas, neste caso, da humanidade inteira.

James Cole (Bruce Willis) é um prisioneiro no ano de 2035. Um dos agentes do local vem buscá-lo, em certo momento, a mando dos cientistas mais poderosos do (que sobrou do) mundo, para que ele viaje ao passado e encontre uma chance de salvar a humanidade da catástrofe que assolou a terra.

Mas algo dá errado, e Cole é enviado para antes do que deveria, em 1990, e não 1996. Jogado em um hospital psiquiátrico, ele conhece a doutora Kathryn Railly (Madeleine Stowe), e também um outro paciente do local, Jeffrey Goines (Brad Pitt). De alguma forma, Railly e Goines serão tão importantes para a viagem de Cole quanto as respostas que procura.

Os 12 Macacos fez considerável sucesso em seu lançamento, assim como com o passar dos anos foi arrecadando mais e mais fãs. Em 2013, ganhou uma série que durou quatro temporadas produzida pelo Syfy, que, apesar de diversas diferenças com a produção original, manteve os nomes de alguns personagens e a base da história.

Em parceria com a DarkSide Books, a Macabra traz para o público brasileiro a novelização Os Doze Macacos, escrita por Elizabeth Hand, que expande o universo do casal Peoples e de Terry Gilliam. 

Para deixar os fãs ainda mais curiosos para essa obra atemporal e macabra, nós selecionamos algumas curiosidades do filme original. 

Inspirado em um curta

A Pista (1962), de Chris Marker

Os 12 Macacos, na verdade, é inspirado em um curta francês, intitulado A Pista (La jetée), de 1962, dirigido e escrito por Chris Marker. No filme, que é construído majoritariamente por imagens estáticas, um homem é forçado a retornar e progredir no tempo, tentando encontrar soluções para a humanidade depois da destruição causada pela Terceira Guerra Mundial. 

Robert Kosberg, um grande fã do curta de Marker, tentou persuadir o cineasta a vender os direitos de sua obra para a Universal. Marker, de início hesitante, cedeu e acabou autorizando a venda, da qual a Universal ficou animada para transformar em longa. O estúdio, então, contratou o casal David e Janet Peoples. O casal havia sido indicado ao Oscar pelo roteiro do documentário intitulado The Day After Trinity, sobre a bomba atômica, que é o Mal que leva à destruição da humanidade no curta de Marker.

Terry Gilliam e Bruce Willis no set de Os 12 Macacos (1995)

Foi de outro produtor, Charles Roven, a ideia de contratar Gilliam como diretor do projeto, pois tinha certeza que o estilo do cineasta casaria perfeitamente com a ideia do filme. Gilliam havia acabado de abandonar uma adaptação de Um Conto de Duas Cidades, de Charles Dickens, quando assinou para trabalhar em Os 12 Macacos — mas não antes de fechar alguns acordos com o estúdio.

Acordos firmados

Imagem de Os 12 Macacos (1995)

Terry Gilliam estava um pouco reticente em aceitar trabalhar novamente com a Universal. Apesar de hoje ser considerado um tremendo filme cult, Brazil: O Filme (1985), filmes anterior de Gilliam com o estúdio, não saiu exatamente da forma que o cineasta esperava.

Contando a história de um burocrata que se encontra em terríveis apuros depois de quebrar algumas regras em uma sociedade distópica, Brazil era uma investida perigosa de Gilliam, um filme diferente e excêntrico. Mesmo assim, Gilliam considerava que seus desejos de corte final da edição do filme seriam mantidos e tudo daria certo. Não deu, infelizmente. A Universal fez um corte próprio do filme, sem falar anteriormente com o cineasta, o que gerou uma quebra de confiança difícil de lidar para Gilliam.

Bruce Willis em Os 12 Macacos (1995)

Então, quando foi chamado para dirigir Os 12 Macacos, ele tratou logo de firmar alguns acordos. De sua parte, queria que seu corte final fosse mantido, sem que cortes externos fossem feitos — ainda mais sem sua autorização. O estúdio concordou, mas eles também tinham suas exigências. Uma delas era que o orçamento do filme se mantivesse abaixo do estipulado; a outra era de que Bruce Willis fosse o protagonista. Naquele momento, Willis vinha se destacando cada vez mais, tendo sido protagonista dos três primeiros Duro de Matar, e estando em Pulp Fiction – Tempo de Violência (1994), A Morte lhe Cai Bem (1992) e A Fogueira das Vaidades (1990).

Segundas opções

Brad Pitt e Bruce Willis em Os 12 Macacos (1995)

Às vezes não conseguimos pensar em alguns personagens que amamos sendo feitos por outros artistas, mas é muito comum descobrir que eles nem sempre foram a primeira opção no projeto. Em Os 12 Macacos isso não foi diferente. Nem Brad Pitt, nem Bruce Willis foram as primeiras opções para os papéis de Jeffrey Goines e James Cole.

Terry Gilliam temia que, talvez, Pitt não conseguisse parecer nervoso o suficiente para o papel de Goines. Em meados de 1990, o ator já havia tido alguns papéis interessantes, como em Thelma e Louise, mas seus papéis de destaque realmente começaram em 1994, com Entrevista com o Vampiro e Lendas da Paixão. Levando em consideração esses papéis, a dúvida de Terry Gilliam não era infundada, ambos exigindo do ator uma atuação mais contida. Mas, em setembro de 1995, estreava aquele que se tornou um dos marcos da carreira de Brad Pitt: Seven, de David Fincher, apresentou uma nova faceta do ator, muito mais sóbria. Mas, quando as gravações de Os 12 Macacos começaram, Seven ainda não havia estreado.

Bruce Willis e Brad Pitt em Os 12 Macacos (1995)

Para o papel de Cole, Gilliam havia pensado em Nick Nolte. Nolte já era um ator consolidado desde os anos 1970, e Gilliam o via bem para o papel. Mas um dos acordos firmados pelo estúdio era para que o papel de Cole fosse para Willis. Gilliam havia conhecido o ator quando trabalhava nas escalações para  O Pescador de Ilusões (1991), e ficou realmente impressionado como a forma com que Willis conseguia parecer forte, mas ainda assim vulnerável, principalmente na cena de Duro de Matar (1989), quando seu personagem fala sobre sua esposa enquanto retira cacos de vidros dos pés. 

O Legado

Bruce Willis em Os 12 Macacos (1995)

Apesar dos receios tanto da Universal quanto do próprio Gilliam, o filme Os 12 Macacos acabou indo bem, tanto nos cinemas, quanto a longo prazo, fazendo uma bilheteria de cerca de $168,8 dólares mundialmente, contra seu orçamento de $29,5 — considerado um orçamento bastante baixo para um filme de ficção científica de Hollywood. 

A crítica, também, em sua maioria, foi favorável ao filme, que conquistou alguns elogios pertinentes dos jornalistas especializados da época. Para além disso, Brad Pitt disputou o Oscar na categoria de Ator Coadjuvante por sua performance como Jeffrey Goines, mas ganhou na mesma categoria na premiação do Globo de Ouro — indo absolutamente contra tudo o que esperava Terry Gilliam. Gilliam, também, foi celebrado no 46º Festival Internacional de Berlim graças à sua direção.

A produção permaneceu relevante ao longo dos anos, atingindo o status de clássico cult da ficção científica, lembrado com carinho pelos fãs. Agora, nesse período pós-pandêmico, atinge uma nova camada na história cultural. Para repensar, refletir e jamais nos esquecermos dos poderes destrutivos de determinados agentes, a Macabra, em parceria com a DarkSide, traz aos fãs da obra a novelização escrita por Elizabeth Hand. 

Os Doze Macacos, de Elizabeth Hand, está disponível em pré-venda no Site Oficial da DarkSide Books. Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.