Fãs de True Detective, chegou a nossa vez. True Detective: Terra Noturna, a quarta temporada da série incrível de Nic Pizzolatto mergulha nas profundezas da psique humana e na complexidade dos mistérios sinuosos que permeiam a vida. Estamos animados para uma jornada intensa e arrebatadora, onde cada pista revela uma nova camada de complexidade, convidando os espectadores a desvendar os enigmas junto com os protagonistas.
LEIA+: INVESTIGAÇÕES E ASSASSINATOS NO INTERIOR NORTE-AMERICANO: RETROSPECTIVA TRUE DETECTIVE
A Macabra está na expectativa para conferir o que vem por aí. Para aguçar também a sua curiosidade, preparamos um dossiê com o que sabemos até o momento sobre a série, e o que podemos esperar de sua temporada depois de termos assistido o primeiro episódio — sem spoilers!
Troca de roteiristas
Uma das maiores mudanças que chegam com a quarta temporada de True Detective é a mudança dos roteiristas. Isso porque, com exceção do sexto episódio da terceira temporada, que foi escrito por Graham Gordy e Nic Pizzolatto, todos os outros episódios (cerca de vinte e três, com cada temporada sendo composta por oito episódios), foram escritos por Pizzolatto.
Mas o envolvimento de Pizzolatto da quarta temporada, em si, era incerto desde o começo. Em 2020, o cineasta fechou um contrato com a Fox 21 Television Studios e a FX Productions. Criada pelo próprio Pizzolatto no início da década de 2010, até então toda a série era, de certa forma, controlada por ele — acontecimentos, desenvolvimento, e principalmente os roteiros.
Mas o interesse da HBO na quarta temporada se manteve firme. Outros showrunners foram pensados para a série e chegaram a disputar o papel, como Lucía Puenzo e Sam Levinson. Mas, em 2022, a série foi anunciada em desenvolvimento oficialmente com Issa López como roteirista e diretora do episódio piloto. De acordo com as últimas notícias, a cineasta também escreveu os outros roteiros, contando com alguns corroteiristas como Alan Page Arriaga, Namsi Khan, Katrina Albright, Wenonah Wilms e Chris Mundy, e será diretora de todos os episódios. Pizzolatto ainda consta como produtor executivo, mas as decisões parecem se concentrar em López e Jenkins.
Detalhes importantes
Pela primeira vez, uma temporada de True Detective tem um subtítulo. Isso pode parecer um detalhe insignificante, mas se pararmos para pensar que a série, agora, assumiu uma nova autonomia, faz sentido.
Isso também pode estar ligado ao fato de que, pela primeira vez, os locais ensolarados do interior estadunidense dão lugar ao estado mais afastado do país — também o mais frio, e com menos frequência solar. O clima é um detalhe dos mais importantes em True Detective: a primeira temporada se passa na calorenta Louisiana; a segunda, na ensolarada Califórnia; e a terceira, na região das Ozarks, que se estende entre o Missouri e o Arkansas, onde a série foi gravada. Em todas essas temporadas, o calor e o suor se fazem presentes, algo que foi notado e utilizado ao contrário por Issa López, que em uma declaração disse que “Onde True Detective é masculino e é suado, Terra Noturna é gelado, e é escuro e é feminino”.
Após cinco anos da terceira temporada, True Detective aparece repaginado, com a direção e roteiro da cineasta mexicana Issa López e o protagonismo de duas investigadoras. Somente uma mulher recebeu papel de destaque no time bem masculino de investigação ao longo das três temporadas de True Detective, na segunda temporada, com a personagem de Rachel McAdams, como a sargento detetive Antigone “Ani” Bezzerides; e, na terceira temporada, com a personagem Amelia Reardon, interpretada por Carmen Ejogo — mas que, efetivamente, não fez parte do time de investigação do caso. Agora, porém, temos Jodie Foster e Kali Reis, nos papéis de Liz Danvers e Evangeline Navarro, como as duas principais investigadoras do caso de Terra Noturna.
O que esperar de Terra Noturna
A trama gira em torno de dois casos com desfechos inquietantes: o desaparecimento de oito homens de uma estação de pesquisa do Alasca, e a morte brutal de uma ativista. Se há alguma conexão entre os casos, saberemos em breve.
O desaparecimento de uma equipe de pesquisa em um lugar tremendamente gelado pode gerar lembranças aos fãs de terror. Acontecimento decisivo no clássico de John Carpenter, O Enigma de Outro Mundo, de 1982, que López já afirmou ser uma de suas maiores inspirações para sua escrita na série, é também o mistério que abre a trama da nova temporada. O local quase inóspito, de condições extremas, também ecoa os elementos lovecraftianos de Nas Montanhas da Loucura.
As outras duas inspirações citadas pela cineasta são O Iluminado, de Kubrick, principalmente a representação do Overlook feita pelo diretor a partir do original de King, e a nave Nostromo, de Alien, o Oitavo Passageiro.
Se essas inspirações já não nos apontam claramente que López pretente assumir de vez o tom de horror em Terra Noturna, e apostar no mistério cada vez mais profundo, então uma outra declaração da cineasta dá conta do recado. Quando a HBO se aproximou de López para lhe propor True Detective, ela afirmou: “Caras, sendo quem eu sou, vou aproveitar isso e mandar ver”. Para ela, o que mais chamava a atenção na primeira temporada era justamente o elemento sobrenatural que a envolvia, e era com esse limite entre sobrenatural e ordinário que ela queria trabalhar.
Achei que era o ambiente perfeito; esta cidade no fim do mundo onde a realidade está desmoronando, e às vezes podemos espiar através da estrutura das coisas, e você pode ver os mortos andando com você. — Issa López
Em entrevista ao site Bloody Disgusting, Issa López disse que “é uma carta de amor, de certa forma, a todas as coisas que funcionaram de verdade na primeira temporada”. A cineasta ainda afirma que podemos esperar easter eggs e situações semelhantes ao que ambos passaram no primeiro caso de True Detective: as bebidas, as longas viagens, e até mesmo visões de mundo opostas entrando em choque. Aos órfãos de Rust e Marty, podemos esperar novos diálogos incríveis.
Primeiras impressões de Terra Noturna
True Detective: Terra Noturna estreou dia 14 de janeiro no canal de televisão da HBO e em seu streaming, HBO Max. Neste primeiro episódio pudemos confirmar a vontade de Issa López: o clima macabro realmente está de volta, cheio de nuances e novos mistérios para ficarmos atentos.
Novas possibilidades surgem com a mudança de cenário da série, que deixou de lado o interior estadunidense e fincou os pés no gelo no extremo norte. Cercado de neve, a cultura inuíte parece ser uma chave forte para conseguirmos compreender os enigmas que se seguirão.
Em um local tão inóspito, conflitos surgem a torto e a direito. A dinâmica cortante entre os personagens também estão presentes, principalmente entre as duas investigadoras — se você sentiu saudade de Rust e Marty, pode ter encontrado uma nova dupla para acompanhar. O caso não resolvido da morte brutal de uma ativista promete fazer as duas policiais mergulharem na escuridão dentro de si para revelar a verdade.
A trilha sonora é outro ponto para admirar. A abertura, que em temporadas anteriores trazia canções folk e obscuras para entornar o clima, agora abre com uma versão sombria de “Bury a Friend”, da colecionadora de prêmios e fenômeno musical Billie Eilish. Além disso, parte das músicas que ouvimos é de Tanya Taqaq, cantora inuíte premiada que também fez sua primeira participação como atriz em algumas cenas da série. Em entrevista ao site Everything Zoomer, a cineasta tece elogios à artista: “Tanya Taqaq é uma das mais bonitas, intensas, insanas e poderosas performers, artistas e compositoras que eu já conheci”.
Há algo de sombrio e assustador rondando as terras geladas de Ennis, cidade fictícia do Alasca, e estamos muito curiosos para ver para onde esses mistérios podem nos levar. True Detective: Terra Noturna terá episódios lançados semanalmente, aos domingos, às 23h.
*
E você, assistiu ao primeiro episódio? Qual a sua favorita? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.