Cuidado com o homem do saco. Sempre fique de olho se houver um boneco do Fofão ou da Xuxa no mesmo quarto que você. Desconfie de vans brancas paradas perto de escolas. Não provoque a Loira do Banheiro, nem chame pela Maria Sangrenta. Candyman, candyman, candyman, candyman, candym—
As lendas urbanas são as favoritas quando pensamos em assustar alguém. Em parte contos de advertência, em parte uma boa dose de adrenalina para os jovens, essas histórias geralmente servem para serem contadas para amigos em uma festa do pijama, nos intervalos das aulas ou mesmo compartilhadas em fóruns online.
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Como um excelente combustível para o terror, selecionamos 10 obras que foram inspiradas em lendas urbanas.
O Mistério de Candyman
Candyman, 1992 // Dirigido por Bernard Rose, O Mistério de Candyman foi adaptado do conto “The Forbidden”, de Clive Barker, que no Brasil recebeu o mesmo título do filme. Com várias alterações e mudanças de tom entre filme e livro, a obra de Rose acabou se tornando um clássico do cinema de terror que recebeu duas sequências nos anos 1990 e uma “sequência espiritual” em 2021, dirigida por Nia DaCosta. Se o filme é repleto de elementos que o ligam aos Estados Unidos — como um profundo racismo e uma herança escravagista —, as raízes do conto são outras. Baseando-se em lendas urbanas de Liverpool, local natural do autor, “Candyman”, uma das abordagens é sobre a lenda urbana das lâminas escondidas em doces de Halloween — o conto se passa entre a data comemorativa e o 5 de novembro, a “noite da fogueira”. Houve um período em que diversas famílias acreditavam fortemente que homens estavam escondendo lâminas afiadas em doces para crianças, e a linha “doces para um doce” demonstra essa origem. O gancho na mão, por outro lado, pode ser uma abordagem sobre a lenda do maníaco, fugido do hospital psiquiátrico, que persegue jovens. No fim, o conto de Barker é uma amálgama de diversas lendas urbanas. Rose, apesar de mudar as direções e origens do personagem, manteve alguns de seus elementos icônicos, como as abelhas e o gancho. O filme também acrescenta um toque de “Maria Sangrenta” ao adicionar o espelho como uma forma de chamar Candyman.
Lenda Urbana
Urban Legend, 1998 // Várias lendas urbanas se misturam aqui. Uma das mortes é cometida pelo “assassino no banco de trás do carro”; alguns estudantes mencionam o “Hatchet man”, ou o Homem do machado, uma lenda urbana sobre um homem que assassinava estudantes universitários de forma aleatória; a “Maria Sangrenta” também é mencionada quando duas estudantes tentam chamá-la; o “homem com o gancho”, lenda urbana sobre um psicótico que fugiu de uma clínica psiquiátrica e ataca jovens com um gancho em sua mão; a lenda urbana da “velha senhora que seca o cachorro no microondas” também é reinterpretada quando um dos personagens encontra seu cachorro morto no microondas; e, claro, a lenda de que comer pop rock com refrigerante pode te matar. Essas lendas são mais específicas nos Estados Unidos, mas cada cantinho do mundo tem sua própria versão, permeada de crenças e elementos locais. O filme foi dirigido por Jamie Blanks.
Histórias Assustadoras para Contar no Escuro
Scary Stories to Tell in the Dark, 2019 // Assim como Lenda Urbana, Histórias Assustadoras para Contar no Escuro também reúne uma série de lendas urbanas macabras. Tanto o livro que deu origem ao filme, de Alvin Schwartz, quanto o próprio filme, dirigido por André Øvredal, se utilizam de lendas consagradas no imaginário norte-americano para construir sua própria história. Para o filme foram utilizadas as lendas “The Hairy Toe” (Dedo do Pé Peludo), “The Red Spot” (O Ponto Vermelho) e “White Lady” (A Mulher Branca); as outras criaturas referenciadas são híbridos de outras histórias. O tom da obra também não engana: sua intenção é fazer-nos acreditar que algo está à espreita.
Noite do Terror
Black Christmas, 1974 // Há uma lenda urbana chamada “A Babá e o Homem lá em Cima”, em que, certo dia, uma jovem é chamada para ser babá de uma ou mais crianças e recebe uma série de ligações. De início acha que é uma piada, mas as coisas vão piorando até a babá perceber que a ligação está vindo de dentro da própria casa em que ela está. É um tema que já foi explorado outras vezes, inclusive no filme Quando um Estranho Chama — tanto o original de 1979 quanto o de 2006. Mas em Noite do Terror, dirigido por Bob Clark, a história ganha uma roupagem diferente quando não temos uma babá cuidando de crianças, e sim uma casa de fraternidade universitária. A lenda urbana pode ter surgido após uma história real que aconteceu no estado do Missouri, nos Estados Unidos.
Slender Man: Pesadelo sem Rosto
Slender Man, 2018 // Talvez uma das lendas urbanas que mais fez sucesso nos últimos anos na internet, “Slenderman” também recebeu uma adaptação para os cinemas. No filme dirigido por Sylvain White, um grupo de amigos decide tentar provar que a lenda de “Slenderman” não é real, até que um deles desaparece misteriosamente. Na lenda urbana, o “Slenderman” é uma criatura bem contemporânea, que surgiu já no período da internet mas muitos acreditam que sua imagem deriva dos “shadow people”, entidades avistadas desde várias décadas atrás. Em 2014, duas estudantes assassinaram um colega de classe no que ficou reconhecido como “caso slenderman”, já que ambas afirmara que teriam assassinado o outro jovem em nome da criatura.
O Chamado
The Ring, 2002 // Dirigido por Gore Verbinski, adaptado a partir do livro de Koji Suzuki, O Chamado é um remake norte-americano do filme japonês Ringu, e que foi baseado em algumas lendas urbanas japonesas, de mulheres que foram afogadas por seus amantes ou maridos. A mais conhecida, chamada Okiku, remonta a séculos atrás, quando uma jovem amantes de um samurai foi empurrada por ele a um poço, onde morreu. Seu fantasma, entretanto, permaneceu falando com ele até enlouquecê-lo. Nos filmes, entretanto, quem é morta no poço é a filha adotada de um casal, cujas origens guardam um segredo aterrorizante.
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Carved: The Slit-Mouthed Woman
Carved: The Slit-Mouthed Woman, 2007 // Kuchisake-onna, ou “a mulher com a boca cortada”, é uma lenda urbana japonesa de uma mulher com o rosto enfaixado que, ao ser encontrada por alguém, questiona se ela é bonita. Se a pessoa responde que não, morre na hora; se responde que sim, ela retira a faixa mostrando a boca dilacerada, e pergunta novamente: “e agora?”. É um jogo que você não vence, então é melhor não se encontrar com ela por aí. No filme de Koji Shiraishi, uma cidadezinha do subúrbio do Japão está com um sério problema de desaparecimentos de crianças, quando uma assistente social acaba se deparando com a lenda urbana de Kuchisake-onna.
Contos da Meia-Noite
Campfire Tales, 1997 // A antologia Contos da Meia-Noite, dirigida por Matt Cooper, Martin Kunert e David Semel, conta sobre um grupo de adolescentes que se reúnem para contar histórias aterrorizantes de lendas urbanas. Além da lenda do homem com o gancho na mão, que pode ser vista em Candyman e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, a lenda urbana mais famosa é intitulada “People can lick too” — pessoas também podem lamber. Apesar de antiga, essa lenda fez um novo sucesso na internet com o surgimento de fóruns e sites dedicados para lendas urbanas e histórias macabras. Na história, uma garota está sozinha em casa com seu cachorro, que está debaixo da cama e lambe sua mão. Durante a noite, a garota acorda assustada, e para se acalmar coloca novamente a mão para fora da cama, para sentir que seu cachorro está ali e possa lambe-la novamente. Na manhã seguinte, a garota acorda com uma mensagem escrita na parede de que “pessoas também podem lamber” — em algumas versões da história, o cachorro está morto no banheiro.
A Última Profecia
The Mothman Prophecies, 2002 // No filme, dirigido por Mark Pellington e adaptado do livro de John A. Keel, após o falecimento de sua esposa, um jornalista se torna obcecado com a lenda de Mothman, o Homem-Mariposa, e parte para a Virgínia Ocidental para descobrir mais sobre avistamentos estranhos e visões psíquicas. O Mothman é um criptídeo, avistado pela primeira, aparentemente, nos anos 1960, na região da Virgínia Ocidental. Logo a criatura entrou para o rol de lendas urbanas dos Estados Unidos, fazendo sucesso entre as pessoas que acompanham as notícias da criptozoologia.
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Terrores Urbanos
Terrores Urbanos, 2018 // Terrores Urbanos é uma série de TV brasileira que, em cada episódio, eram discutidas lendas urbanas muito presentes em nosso dia a dia. Os episódios foram dirigidos por Fernando Coimbra, em “A Loira do Banheiro” e “O Homem do Saco”, primeiro e último episódios da primeira temporada; Felipe C. Adami, no segundo episódio, intitulado “A Gangue dos Palhaços”; e Juliana Rojas em “O Quadro do Menino que Chora” e “O Boneco Amigão”, terceiro e quarto episódios. Todas essas histórias, de certa forma, fizeram parte do imaginário social dos anos 1990 e 2000 nas casas dos brasileiros.
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