A macabra tempestade sem fim

No lago Maracaibo, na Venezuela, é possível assistir um festival de luzes e raios que pode acontecer até 5 meses por ano: conheça o Relampago del Catatumbo.

Aqui no nosso lar macabro gostamos muito de ler um bom livro ou assistir a um filme de terror enquanto o céu despenca do lado de fora de nossas janelas, mas você já imaginou uma tempestade capaz de durar mais de 5 meses? Pois ela existe.

* Traduzido e adaptado do site IFL Science.

Conhecido como Relámpago del Catatumbo, ou “a tempestade eterna”, este espetáculo de luz natural invade o céu por até 160 noites por ano, por até 10 horas de cada vez. E não é apenas uma luz forte, feroz e estranha aqui e ali, não, essa tempestade produz até 280 raios por hora. Isso é um recorde de 1,2 milhão por ano. Os flashes persistentes são tão brilhantes que podem ser vistos por até 250 milhas e, consequentemente, foram usados ​​por séculos pelos navegadores do Caribe nos tempos coloniais, resultando no apelido de “Farol de Catatumbo”.

Para aumentar a beleza macabra, os flashes apresentam uma variedade de cores marcantes, de vermelhos e laranjas a azuis e roxos, devido à presença de quantidades variáveis ​​de partículas de poeira ou vapor de água na atmosfera. Alguns dizem que o raio Catatumbo é único porque não produz trovão, mas isso é um mito. O fato é que a tempestade ocorre a uma distância tão grande dos observadores, a umas 30-60 milhas (50-100 km) do Lago Maracaibo, que o trovão não pode ser ouvido. É raro poder ouvir um trovão se você estiver a 15 milhas (25 km) ou mais da queda do raio.

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O relâmpago de Catatumbo também apareceu na história algumas vezes. O poeta espanhol Lope de Vega escreveu um poema em 1597 intitulado “The Dragontea”, que descreve como a tentativa de 1595 de Francis Drake de tomar a cidade de Maracaibo à noite foi frustrada por “chamas, que as asas da noite cobrem”. Foi assim que os defensores da cidade foram alertados do ataque que se aproximava. Uma situação semelhante ocorreu em 1823, durante a Guerra da Independência da Venezuela, quando as frotas espanholas foram expostas pelas tempestades e depois derrotadas.

O raio também é considerado o maior produtor de ozônio troposférico em todo o mundo. Alguns acreditam que isso está ajudando a repor a camada de ozônio; no entanto, a maioria argumenta que o ozônio produzido nunca chegaria a esse nível.

Apesar de sua fama, pouco se sabe sobre os mecanismos reais por trás desse fenômeno. O antigo povo Yukpa, uma comunidade indígena que ainda é encontrada hoje em ambos os lados da fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, acreditava que o raio era acionado quando os vaga-lumes encontravam espíritos ancestrais. Ideias um pouco mais modernas incluem o metano, a topografia da região e o urânio.

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Muitos cientistas viajaram para a área no século XX e início do século XXI, para investigar o que há por trás do relâmpago. Em 1911, Melchor Bravo Centeno pressupôs que as tempestades provavelmente são causadas pela circulação fechada do vento na região, explicação que parece ser a mais plausível até agora.

A topografia da área é única porque duas paredes de montanhas cercam o Lago Maracaibo de três lados. Quando o ar quente e úmido do Caribe flui para a bacia de Maracaibo a partir do único lado livre de montanhas, ele é recebido com ar mais frio dos Andes e é forçado para cima. O vapor então começa a se condensar, formando nuvens que descarregam eletricidade e, por fim, o raio é produzido. Todo o processo é alimentado pelo constante suprimento de ar quente e úmido na bacia, resultante da evaporação do lago pelo sol equatorial escaldante.

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O cientista venezuelano Andrew Zavrotsky também visitou a área várias vezes para investigar o fenômeno e descobriu três epicentros: os pântanos do Parque Nacional Juan Manuel de Águas, Claras Águas Negras e um local a oeste do lago. Ele também acreditava que o urânio no leito das rochas pode estar contribuindo para o raio, mas até agora não há evidências que sustentem essa hipótese.

Outra ideia popular é que o metano esteja contribuindo para as tempestades. A bacia de Maracaibo está empoleirada no topo de um dos maiores campos de petróleo da América do Sul e alguns acreditam que o gás metano que sobe através dos pântanos pode desempenhar um papel fundamental na produção dos raios, talvez aumentando a condutividade do ar, mas essa hipótese geralmente tem sido rejeitada por cientistas atmosféricos. Isso porque a concentração atmosférica de metano na região não é suficiente para causar esse efeito.

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Quanto ao surgimento do fenômeno, embora a causa exata do raio Catatumbo seja desconhecida, é provável que eles sejam o resultado de uma topografia única combinada com circulação de vento e valor. Ainda sim, as tempestade permanecem uma visão espetacular e talvez valham uma adição à lista de lugares para serem visitados.

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O lago está no Guinness Book com “a maior concentração de relâmpagos”, que soma 250 relâmpagos por quilômetro quadrado a cada ano. Gostou de conhecer sobre os raios de Catatumbo? Acompanhe a Macabra pelo blog, Instagram e Twitter para conhecer outros fenômenos macabros da natureza.

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