Atrás das câmeras: mulheres que transformaram os filmes de terror

De Alice Guy-Blaché a Nia DaCosta: uma breve história de diretoras e roteiristas atrás das câmeras dos filmes de terror.

Em outubro de 2018, Jason Blum deu uma entrevista ao site Polygon onde dizia que a Blumhouse adoraria contratar mais mulheres para digirir filmes de terror. O problema era que, do ponto de vista dele, “não há muitas diretoras mulheres, menos ainda as que estão inclinadas a fazer horror”. O comentário, claro, não foi bem aceito. Surgiram listas imensas com mais de 150 nomes que Blum deveria conhecer. Ele se desculpou e desde então vem contratando mais mulheres para seus projetos. Mas é um episódio interessante de uma das maiores produtoras de terror da atualidade.

Há uma ideia errônea de que mulheres não se interessam ou, pior, não sabem trabalhar com terror. Vemos sempre diversos diretores como John Carpenter, Tobe Hooper, Wes Craven sendo celebrados (e com razão). Mas às mulheres geralmente são delegados os papéis de final girls ou, antes disso, os dois extremos de mocinhas indefesas ou vilãs cruéis.

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Graças a um longo trabalho de pesquisa que vem ganhando forças nos últimos anos, já temos material suficiente para sabermos que mulheres estão, sim, desde o início da história do gênero trabalhando com o terror — antes mesmo dos filmes aterrorizantes receberem esse nome. O esforço dessas pesquisas não é em vão: elas trazem à luz nomes que dificilmente teríamos ouvido anteriormente. A história do cinema como um todo está rodeada por disputas de ego sensacionalistas que, vez ou outra, varrem para baixo do tapete alguns nomes. 

Relembrar esses nomes, mais que uma celebração da história das mulheres no cinema, é também uma forma de corrigir erros há muito cometidos.

O pontapé inicial

No início do cinema, quando tudo ainda era muito novo, e quando mulheres ainda não tinham mais da metade dos direitos que têm hoje, algumas já trabalhavam por trás das câmeras. Destes nomes, um que se destaca sem muito esforço foi o de Alice Guy-Blaché. Primeira mulher a dirigir um filme, Guy-Blaché nasceu em 1873, na França. Foi contratada como secretária de uma empresa que oferecia trabalhos de fabricação de câmeras e suprimentos de fotografia. Logo a empresa mudou de donos, e passou a se chamar L. Gaumont et Cie, tornando-se uma potência para a indústria cinematográfica da França que dava seus primeiros passos.

Alice Guy-Blaché

Enquanto secretária, Guy-Blaché conheceu diversos clientes e compareceu a alguns eventos importantes, como a exibição de Workers Leaving the Lumière Factory, dos irmãos Lumière. Mas a cineasta queria mais: ela queria que os filmes tivessem outros propósitos, além do de propaganda e fins científicos, e gostaria de acrescentar elementos ficcionais e de uma narrativa completa nessas gravações.

Seu primeiro filme, hoje perdido, foi gravado em 1896. Nos anos seguintes, Guy-Blaché dirigiria uma centena de novas obras. Com o passar dos anos, seu currículo chegou a mais de mil filmes feitos.

Dentro do guarda-chuva do cinema fantástico, Guy-Blaché soube utilizar todos os elementos que tinha nas mãos, incluindo os efeitos especiais manuais, que trabalhavam com dupla exposição. Dentre seus muitos filmes, Guy-Blaché também trabalhou com o horror, com filmes como uma adaptação do conto de Edgar Allan Poe, The Pit and the Pendulum, de 1913, um filme chamado The Monster and the Girl, de 2014, e The Vampire, de 1915, entre vários outros. Além de inspirar diversos outros diretores ao longo dos anos, como Alfred Hitchcock, Guy-Blaché também serviu de mentora para outros diretores, como Lois Weber, que trabalhou como atriz em seus filmes quando a cineasta ainda estava em seu primeiro estúdio.

Lois Weber

Lois Weber, por sua vez, foi pioneira por várias razões: foi a primeira mulher a dirigir um longa-metragem, com a adaptação de O Mercador de Veneza, de William Shakespeare, em 1914. Além disso, credita-se a Weber o primeiro curta de Lon Chaney, mesmo que este não tenha sido creditado. Em Suspense, um curta de 1913, Weber conta a história de uma mulher vivendo isolada em uma casa de campo que precisa defender seu filho e sua casa contra uma invasão. Apesar de não ser confirmado como o personagem invasor, alguns dos especialistas no documentário Lon Chaney: A Thousand Faces, acreditam que sim, possa ser Chaney no filme de Weber. A cineasta também é conhecida pela invenção da técnica split-screen, onde a imagem reproduzida aparece dividida entre vários espaços.

Além das diretoras não podemos deixar de mencionar algumas roteiristas. Ruth Ann Baldwin foi uma jornalista contratada para escrever roteiros ainda na era muda do cinema. Dentre seus filmes, por exemplo, está The Werewolf, em 1913, reconhecido como o primeiro filme de lobisomens da história. Ruth Rose, também, não deve ser esquecida nessa equação. Escritora, foi responsável por muitos filmes entre os anos 1930 e 1940, incluindo o clássico King Kong, de 1933.

Frankenstein, de 1931

E, se você ainda hoje se pergunta por que chamamos a Criatura de Frankenstein pelo nome de seu criador, saiba que a “culpa” é de Peggy Webling, autora da peça que adaptou o livro de Mary Shelley nos anos 1920 e que serviu de base para o famoso filme de 1931, de James Whale.

Entre 1930 e 1980

Nas décadas seguintes, os filmes de horror continuaram chegando. Após Drácula, o primeiro filme a ser chamado definitivamente pelo nome do gênero, o interesse por essas obras continuou crescendo.

Dodie Smith, aos 90 anos, com um de seus dálmatas de estimação

Entre as roteiristas, destacaram-se Lynn Starling em O Gato e o Canário, de 1939; Dodie Smith, que ficou mais conhecida por ter escrito o clássico da Disney Os 101 Dálmatas, mas também co-escreveu, junto de Frank Partos, a peça que adaptou o livro de Dorothy Macardle e que mais tarde foi adaptada para o cinema como O Solar das Almas Perdidas, em 1944, por Lewis Allen; Kay Linaker, roteirista de A Bolha Assassina, de 1958; e Ester Krumbachová, roteirista de Valerie e a Semana das Maravilhas (1970), importante trabalhadora da indústria do cinema da Tchecoslováquia, tendo trabalhado também nos departamentos de direção de arte, como figurinista e cenógrafa.

Uma das mais importantes roteiristas do período, entretanto, foi Ardel Wray. Nascida em 1907, Wray era filha de dois atores de teatro, Virginia Brissac e Eugene Mockbee. Após se divorciar de Eugene, Virginia se casou com  John Griffith Wray, diretor de teatro que, logo em seguida, passou a fazer filmes mudos para Hollywood. Apesar de ter crescido em meio a atores, Wray não queria ser atriz. Quando começou a trabalhar no meio, foi logo para o departamento de escrita e roteiro. Trabalhou para Carl Laemmle Jr., em 1933, quando ele estava reerguendo a Universal, mas logo em seguida foi trabalhar na Warner Bros. 

Ardel Wray

Pouco tempo depois, já no início da década de 1940, Wray foi para a RKO trabalhar no programa de Jovens Escritores. Lá, desenvolveu um roteiro baseado em um conto de um escritor chamado Inez Wallace, que tinha diversos elementos de Jane Eyre, de Charlotte Brontë, mas com uma adição: zumbis. Wray entregou o roteiro de A Morta-Viva para o produtor Val Lewton, que gostou bastante. O filme foi lançado em 1943. Entre suas outras contribuições do período estão O Homem Leopardo (1943) e A Ilha dos Mortos (1945).

Wray partiu da RKO para a Paramount, e três meses depois de assinar o contrato com o novo estúdio, começou o período conhecido como a “caça às bruxas” de Joseph McCarthy, político norte-americano que causou comoção no país inteiro ao insistir que espiões comunistas estavam infiltrados em todas as esferas possíveis da nação. Em relação à cultura, McCarthy chegou a levar uma série de diretores e roteiristas à indisposição, pedindo para que contassem quem eram os comunistas entre o grupo. Quando levada ao escritório da Paramount para apontar seus colegas que faziam parte do partido, Wray se negou.

Ida Lupino

Neste período, entre os anos 1930 e 1980, também tivemos a direção arrebatadora de Ida Lupino com O Mundo Odeia-Me, de 1953, considerado o primeiro filme noir mainstream dirigido por uma mulher. Lupino foi cantora, atriz, diretora e produtora, também filha de atores de teatro, Connie O’Shea e o comediante Stanley Lupino. Começou como atriz de teatro, mas logo avançou para o cinema. Entre seus trabalhos de maior prestígio se tratando de terror, Lupino também dirigiu episódios para a versão original de The Twilight Zone e Alfred Hitchcock Presents.

A década de 1950 também marca o último suspiro dos Monstros Clássicos da Universal, que deixariam seu lugar de destaque entre as criaturas dos filmes de terror para dar espaço aos filmes das produtoras Hammer e Amicus. Mas, nesse último esforço de dar luz ao estúdio, surge O Monstro da Lagoa Negra. Dirigido por Jack Arnold, logo a Criatura antagonista do filme entraria na lista de monstros amados do cinema. A designer de sua máscara foi Milicent Patrick que, de acordo com os registros, esteve em uma das primeiras gerações de mulheres ilustradoras da Disney. Longe de ser um trabalho fácil ou de fácil reconhecimento, a história de Milicent quase foi deixada no esquecimento até muito recentemente, quando Mallory O’Meara recuperou arquivos e registros de seus trabalhos. Na época, um dos diretores do departamento de criação, supervisor de Milicent, ficou irritado com a atenção que ela estava recebendo, e fez o possível para demiti-la de seu trabalho. Depois do acontecido, e apesar de seus excelentes feitos, Milicent não trabalhou novamente na indústria. Mas seu trabalho segue sendo amado e reverenciado por fãs que veem na figura do Monstro da Lagoa Negra um excelente trabalho artístico.

Milicent Patrick trabalhando na escultura de O Monstro da Lagoa Negra

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Dentre os anos de 1960 e 1980 algumas tendências moldaram o cinema de terror. As produções da Amicus e da Hammer, os filmes proto-slashers, que inauguram a onda do subgênero trazendo seus assassinos — nem sempre mascarados, ainda, mas sempre perseguidores —, adaptações literárias de sucesso como O Exorcista, A Profecia e O Bêbê de Rosemary, e também os filmes exploitation. Uma figura de destaque entre tantas neste período foi Roger Corman, conhecido como O Papa do Pop, e responsável por trazer à tona diversos talentos como Martin Scorsese, Francis Ford Coppola, James Cameron, Jack Nicholson, entre tantos outros. Muitos homens, não é? Algumas mulheres chegaram a trabalhar com o famoso produtor. Dentre elas, Stephanie Rothman.

Stephanie Rothman

Rothman estudou cinema na Universidade do Sul da Califórnia, e se tornou a primeira mulher a receber a bolsa do Directors Guild of America — prêmio normalmente dado a estudantes de cinema. Graças a seus talentos, em 1964 Rothman se tornou assistente de Corman. Conforme foi demonstrando suas capacidades de trabalho, Corman passou a dar mais atividades para Rothman até entregar a ela seu primeiro filme para dirigir, O Mundo dos Biquínis, de 1967. A cineasta não gostou da experiência, e só voltou a dirigir em 1970, com The Student Nurses. Apesar de, até então, não ter percebido, Rothman cada vez mais estava sendo responsável por filmes de exploitation. Em entrevista, Rothman afirmou que só percebeu que The Student Nurses era um filme de exploitation quando viu uma resenha apontando o fato. Mais tarde, em outras entrevistas, Rothman admitiria que não gostava de trabalhar com esse tipo de filmes — apesar de ter tido liberdade criativa para trabalhar questões sociais em The Student Nurses, por exemplo.

Hoje, apesar de poucas pessoas se lembrarem do nome de Rothman, pois a cineasta abandonou a carreira no começo dos anos 1980, depois de ter ido trabalhar para a Dimension Pictures, um de seus filmes mais lembrados é The Velvet Vampire, de 1971, um filme corajoso sobre uma vampira sobrevivendo no deserto e dois convidados em sua casa, que explora os desejos masculinos e femininos e possui uma estética interessante que, visto hoje, logo irá remeter ao trabalho de Anna Biller em A Bruxa do Amor.  

Outras mulheres trabalharam dirigindo filmes para Roger Corman, mas nenhuma delas tiveram tanto destaque ou atenção quanto os homens que o produtor lançou em suas carreiras.

Os anos 1980

Dentre as mulheres que trabalharam com Corman, destacam-se três nomes: Barbara Peeters, Amy Holden Jones e Katt Shea. As três lançaram filmes de terror ao longo dos anos 1980, e nenhuma delas costuma figuras nas listas dos grandes filmes do período.

Barbara Peeters

Barbara Peeters começou a trabalhar na New World Pictures, a produtora fundada por Corman, durante os anos 1970, na mesma década de Stephanie Rothman. Peeters dirigiu, ao longo do período, quatro filmes. Entre eles Bury Me an Angel, um filme sobre motociclistas, contado a partir do ponto de vista de uma mulher que quer vingar a morte de seu irmão. Para o terror, sua maior contribuição foi Criaturas das Profundezas, filme sobre criaturas mutantes que começam a atacar uma cidade costeira. Rothman, na época, se negou a dirigir e acrescentar sequências de abuso sexual no longa. Corman, por sua vez, contratou outro diretor para fazê-lo. Rothman pediu que seu nome fosse tirado da produção, mas isso não aconteceu. Ao longo da década seguinte, a cineasta passou dirigindo episódios para séries de TV. 

Amy Holden Jones e Halle Berry no set de Espiral da Cobiça (1996)

No auge da era dos slashers nos anos 1980, poucas foram as mulheres que dirigiram filmes no subgênero. Menos ainda foram as que emplacaram sequências de suas produções. Uma das poucas que que conseguiu o feito, logo em 1982, foi Amy Holden Jones, com o filme O Massacre. Dirigido por Jones e escrito por Rita Mae Brown, O Massacre conta uma história bastante comum para os fãs de slasher: um grupo de adolescentes que se reúnem para uma festa do pijama e são perseguidas por um assassino. Dosando o humor e o horror da perseguição, O Massacre é uma das grandes pérolas do slashers oitentista. Apesar de não ter envolvimento direto de Jones, o filme ainda rendeu duas sequências, também dirigidas e escritas por mulheres, Massacre 2 (1987, dir. Deborah Brock), e Slumber Party Massacre III (1990, dir. Sally Mattison), e um remake em 2021, Slumber Party Massacre, dirigido por Danishka Esterhazy.

Katt Shea

Por último, uma das que mais emplacou sucessos — e, ainda sim, não teve o reconhecimento que merecia —, foi Katt Shea. Strip-Tease da Morte chega já aos fãs de terror no final da década de 1980, em 1987, seguida por sua sequência em 1989, Stripped to Kill 2: Live Girls. Em seguida, em 1989, dirige Dança Macabra (não confundir com a obra de Stephen King). Um de seus mais famosos filmes foi Relação Indecente, de 1992. Em 1999, Shea dirigiu uma sequência para o clássico Carrie, intitulado A Maldição de Carrie. Ficou alguns anos afastada do cinema a partir de 2001, retornando em 2019 com o filme infanto juvenil Nancy Drew e a Escada Secreta. Shea está com um projeto completo para ser lançado na Netflix intitulado O Resgate de Ruby, que não está inserido no terror.

Nos anos 1980, também se destacam na direção Jackie Kong, que dirigiu os filmes Blood Diner (1987) e A Noite do Medo (1981); Roberta Findlay, diretora dos filmes Vingança Macabra (1985), Irmãs de Sangue (1987) e Demônio O Rei Das Trevas (1988); e Mary Lambert, diretora de Cemitério Maldito, de 1989, adaptação do livro de Stephen King.

Debra Hill e Jamie Lee Curtis
Debra Hill e Jamie Lee Curtis

Mas é impossível falar da década de 1980 sem mencionar alguns outros nomes por trás das câmeras. Debra Hill, por exemplo, que teve reconhecimento principalmente por suas produções em conjunto com John Carpenter. Hill foi responsável por trabalhar nos roteiros de Halloween: A Noite do Terror, A Bruma Assassina, Fuga de Nova York e Fuga de Los Angeles; ou mesmo Daria Nicolodi, que trabalhou com Dario Argento na criação do roteiro de Suspiria e foi responsável por boa parte da mitologia na trilogia das Três Mães.

As contemporâneas

Em 1990, algumas cineastas ganharam reconhecimento. Kristine Peterson, que dirigiu Criaturas 3 (1991) e Rachel Talalay, que dirigiu A Hora do Pesadelo 6: Pesadelo Final, a Morte de Freddy (1991) trabalharam em sequências de filmes de sucesso do período. Fran Rubel Kuzui foi a diretora do filme que deu origem a uma das séries de maior sucesso dos anos 1990, Buffy, a Caça-Vampiros, lançado em 1992. Organ (1996), de Kei Fujiwara, foi um filme independente japonês que conquistou o status cult e é, ainda hoje, uma obra chocante. Mente Paranóica (1997), de Cindy Sherman, não tem o reconhecimento que merece, mas trata de forma divertida e sinistra as mudanças entre o trabalho manual e a tecnologia. Kasi Lemmons transformou Nova Orleans em um cenário macabro com os acontecimentos de Amores Divididos (1997). Mortos de Fome (1999), de Antonia Bird, é um dos grandes filmes de canibalismo e com uma excelente dosagem equilibrada de humor ácido.

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Desde então, podemos nos lembrar facilmente de alguns nomes: Psicopata Americano (2000), de Mary Harron; Garota Infernal (2009) e O Convite (2015) de Karyn Kusama; American Mary (2012), das irmãs Jen e Sylvia Soska; Bilocation (2013), de Mari Asato; Garota Sombria Caminha Pela Noite (2014), de Ana Lily Amirpour; O Babadook (2014), de Jennifer Kent; Évolution (2015), de Lucile Hadzihalilovic; A Atração (2015), de Agnieszka Smoczyńska; a antologia XX (2017). de Roxanne Benjamin, St. Vincent, Karyn Kusama e Jovanka Vuckovic; Tigers Are Not Afraid (2017), de Issa López; o filme Culture Shock (2019), da antologia Into the Dark, e O Bingo Macabro (2021), de Gigi Saul Guerrero; Delivery Macabro (2019), de Chelsea Stardust; Atlantique (2019), de Mati Diop; Knives and Skin (2019), de Jennifer Reeder; Saint Maud (2019), de Rose Glass; Relíquia Macabra (2020), de Natalie Erika James; Turno de 12 Horas (2020), de Brea Grant; The Stylist (2020), de Jill Gevargizian; Censor (2021), de Prano Bailey-Bond; a trilogia Rua do Medo (2021), de Leigh Janiak; A Lenda de Candyman (2021), de Nia DaCosta; e tantos outros filmes que ainda foram lançados nos últimos anos — e os que ainda serão, como Nanny, de Nikiatu Jusu, ou Master, de Mariama Diallo.

Nia DaCosta

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Não podemos nos esquecer, também, dos grandes nomes do Novo Extremismo Francês, destacando Julia Ducournau, diretora de Raw (2016) e Titane (2021); Marina de Van, diretora de Em Minha Pele (2002); e Claire Denis, com Desejo e Obsessão (2001).

No Brasil, também, houve um aumento de produção de filmes de terror com direção de mulheres. Gabriela Amaral Almeida, diretora de O Animal Cordial (2017) e A Sombra do Pai (2019); Juliana Rojas, com a co-direção de Marco Dutra, com os filmes As Boas Maneiras (2017), Trabalhar Cansa (2011) e Sinfonia da Necrópole (2014); Marina Meliande, com Mormaço (2018); Anita Rocha da Silveira com Mate-me Por Favor (2015) e com o recém lançado Medusa (2021); Monica Demes, diretora de O Despertar de Lilith (2016), entre tantas outras sem deixar de citar  Rosângela Maldonado, diretora do filme de 1978 intitulado A Mulher Que Põe a Pomba no Ar.

Nas últimas décadas, as coisas melhoraram um pouco para mulheres atrás das câmeras. Graças aos trabalhos de pesquisadoras como Carol J. Clover, Alexandra Heller-Nicholas e Alison Peirse, conhecemos um pouco mais do cinema feito por mulheres — tanto com filmes novos, quanto descobertas antigas. Longe de estarmos em um cenário ideal, porém, a luta continua. A maioria das roteiristas e cineastas permanece a de mulheres brancas e cis. Muita coisa ainda precisa mudar, mas ficamos felizes e comemoramos cada conquista, cada espaço.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.