Mergulho Noturno: pavor nas águas de uma piscina assombrada

O primeiro grande lançamento de terror do ano da Blumhouse, em parceria com a Atomic Monster, chega aos cinemas em 18 de janeiro. Confira algumas curiosidades sobre a produção.

O ano mal começou e já vem recheado de filmes e séries de terror. Estamos ansiosos para conferir alguns títulos, como os novos filmes de Robert Eggers, Jordan Peele e M. Night Shyamalan. Os estúdios também estão se organizando para apresentar aos fãs de terror suas novas produções.

O primeiro grande lançamento de 2024, por exemplo, é da Blumhouse — agora unida à Atomic Monster. Mergulho Noturno, dirigido por Bryce McGuire, estreia esta quinta-feira, dia 18 de janeiro.

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A história se concentra em Ray Waller (Wyatt Russell), ex-jogador profissional de beisebol, que, por causa de uma doença degenerativa, teve que abandonar a carreira. Sua intenção de se mudar para o subúrbio com a família é conseguir um lugar para descansar e, quem sabe, se recuperar. Ao escolherem uma grande casa com piscina, Waller acredita que é ali que se encontra sua possível cura. 

O que a família não esperava era ter que lidar com uma piscina assombrada. E, assim como a maioria dos lugares assombrados, é durante a noite que as pessoas precisam se preocupar mais.

Wyatt Russell tem conquistado cada vez mais seu lugar no terror. O ator está no elenco do episódio “Playtest”, de Black Mirror, e atua ao lado do pai, Kurt Russell, em Monarch, série que faz parte do Monsterverso de Kong e Godzilla. No elenco de Mergulho Noturno ainda temos Kerry Condon, que esteve em Os Banshees de Inisherin, interpretando Eve, esposa de Ray, e Amélie Hoeferle e Gavin Warren, como Izzy e Elliot, respectivamente, os filhos do casal. 

Confira o trailer do filme abaixo.

A Macabra reuniu algumas curiosidades sobre o filme para você se preparar, sem spoilers. Pegue sua roupa de banho, seu protetor solar e vem com a gente.

Baseado em um curta

Mergulho Noturno, na verdade, surgiu como um curta há dez anos. Dirigido por Bryce McGuire e Rod Blackhurst e contando com apenas quatro minutos, foi lançado no Youtube por Blackhurst, onde atingiu 377 mil visualizações. 

Não é incomum que curtas sejam transformados em longas, como é o caso de O que Fazemos nas Sombras, O Babadook, o primeiro filme da franquia The Evil Dead, ou até mesmo Jogos Mortais — que, afinal, também é de James Wan, em parceria com Leigh Whannell, cujos filmes são produzidos pela Atomic Monster, que foram os responsáveis por levarem a produção de Mergulho Noturno até a Blumhouse. 

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Tendo chegado às mãos da produtora ainda como conto, algumas coisas foram pensadas para melhorar a história e estendê-la. De acordo com Ryan Turek, produtor da Blumhouse, o trabalho da produtora foi principalmente aprimorar algo que já havia sido começado por McGuire. Em entrevista, Turek conta que desde o início a história seria sobre Waller e a descoberta da esclerose múltipla, mas que, trabalhando na indústria há tanto tempo — antes de produtor na Blumhouse, Turek foi jornalista de grandes mídias do terror, escrevendo para a Fangoria e Rue Morgue, e sendo cocriador do site DreadCentral —, ele sente que o público se interessa em saber de onde vem o mal.

Um dos pontos de atenção, então, da equipe para trazer Mergulho Noturno à vida foi pensar em um tipo de mitologia para a própria piscina, elemento-chave para a trama, algo que McGuire já tinha sob controle. Como comentado por Turek, com tantas histórias sobre coisas e locais assombrados, às vezes é difícil encontrar um cenário que não seja repetitivo. Para ele, a saída encontrada por McGuire, de relacionar a piscina à natureza, foi uma boa opção para o desenvolvimento do filme.

O tom certo

Tirando alguns clássicos do subgênero de objetos e locais assombrados, como Terror em Amityville (1979) ou A Casa da Noite Eterna (1973), que apostam em um tom mais sério e sóbrio diante das questões e dos sofrimentos dos personagens, é comum vermos filmes de assombrações que combinam o humor e o terror — principalmente quando tratamos de coisas materiais, como Slaxx (2019) ou Killer Sofa (2019).

Levando em consideração que Mergulho Noturno é um filme sobre uma piscina assombrada, ele levantou alguns questionamentos de início. Qual, afinal, seria o tom utilizado para contar essa história? O pano de fundo de Mergulho Noturno nos traz um jogador de beisebol que teve que parar de jogar por uma doença degenerativa, então dificilmente apostar no tom totalmente cômico seria uma saída. A forma, então, foi tentar mesclar um pouco o tom mais sóbrio com algumas piadas ocasionais.

Em entrevista ao site Slash Film, Wyatt Russell contou um pouco sobre sua experiência em trazer o personagem de Ray Waller à vida, e como ele pensou em interpretá-lo: “Eu sempre gosto quando os filmes de terror ou de gênero tem senso de humor. (…) Então conversamos sobre momentos que nós poderíamos descarregar um pouco e não jogar constantemente com esse senso de pavor e ruína. Para mim, isso não faz com que os filmes sejam sempre divertidos. É como se às vezes você quisesse ter uma válvula de escape e então, quando chega a parte realmente substancial isso se torna assustador de verdade”.

Se nos lembrarmos dos filmes slashers dos anos 1980, veremos muito dessa técnica aplicada. As piadas não fazem parte somente de uma atração ao público, mas também ajudam a distraí-lo para o momento de verdadeiro horror que se aproxima.

Efeitos práticos? O máximo possível

Filmar embaixo d’água nunca é uma opção fácil. Mas, para Mergulho Noturno, Ryan Turek, o pessoal da Atomic Monster e Bryce McGuire se esforçaram para fazer dar certo. Uma das maiores inspirações para Turek, para auxiliar na direção de McGuire rumo ao que Mergulho Noturno poderia se tornar, foi o filme Abismo do Terror.

Lançado em 1989, Abismo do Terror foi dirigido por Sean S. Cunningham, o pai de Jason Voorhees, e contou com Greg Nicotero e Robert Kurtzman, dois dos membros do lendário grupo KNB EFX, ainda no comecinho da companhia. Além deles, outros 38 técnicos participaram dos efeitos visuais, que se dividia entre os efeitos das criaturas, miniaturas e pinturas utilizadas nesse processo complicado.

O que mais chamou a atenção de Turek para Abismo do Terror como inspiração é que o filme era extremamente convincente em suas cenas embaixo d’água — apesar de não terem sido completamente gravadas abaixo da superfície.

Em entrevista ao Bloody Disgusting, Turek se lembra do processo nas gravações: ”Haviam tantas sequências embaixo d’água para descobrir. Esse filme pede que os personagens nadem até o fundo e continuem nadando. Eles estão indo para águas profundas. Então foi uma questão de ‘Ok, como vamos executar as cenas de águas mais escuras? Como faremos a transição entre a piscina e o reino sobrenatural que a piscina apresenta?’. Acabou sendo uma combinação de piscina e tanque, e várias conversas profundas com nosso time de efeitos especiais e dublês e câmera e equipe para descobrir ‘Ok, qual é o ponto de transição?’”.

Não bastasse esse problema, a equipe de maquiagem e efeitos especiais também teve que lidar com algumas presenças sobrenaturais que teriam que aparecer na piscina — sem spoiler! —, mas isso será melhor conferido no próprio filme.

Bryce McGuire, diretor de Mergulho Noturno.

Uma coisa podemos dizer: McGuire não teve medo de sujar as mãos — ou se molhar. De acordo com Turek, que conseguiu se manter seco ao longo das gravações, McGuire acabou entrando de roupa e tudo para acompanhar sua equipe de atores, câmeras, dublês e mergulhadores. 

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O filme estreia nos cinemas brasileiros dia 18 de janeiro. E você, ansioso para conferir essa piscina assombrada? Comente com a Macabra no Twitter e Instagram.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.