A vida macabra de Bela Lugosi, o eterno Conde Drácula

Bela Lugosi fez sua carreira no terror no início do século XX. Saiba mais sobre sua intensa produção em vida, e seu irremediável medo da morte.

Bela Lugosi foi um dos maiores astros dos filmes de terror da primeira metade do século XX. Fez vários filmes no período, ainda hoje sendo lembrando principalmente como Conde Drácula, na adaptação cinematográfica de 1931.

Nascido no Reino da Hungria, onde hoje é a cidade de Lugoj, na Romênia, em 1882, foi para os Estados Unidos anos após a Primeira Guerra Mundial, mas já era ator na Europa desde o começo do século. 

Atuava em teatros, com pequenas falas em várias peças e pequenas óperas. Quando se mudou para Budapeste, atuou no Teatro Nacional da Hungria, entre os anos de 1913 a 1919. Durante a Guerra, foi soldado da infantaria do Exército Austro-Húngaro. Foi após a Revolução da Hungria e graças ao seu forte ativismo na união dos atores que ele teve que deixar sua terra natal, antes indo para Viena, depois para Berlim, até se instalar em Nova York. Sua primeira peça nos Estados Unidos aconteceu na Broadway em 1922, e se chamava The Red Poppy

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A história de Lugosi como Drácula não começou no filme de Tod Browning, em 1931. Em 1927, Lugosi foi escalado para participar da adaptação teatral de Hamilton Deane e John L. Balderston. A peça foi um sucesso, sendo reproduzida 261 vezes. Quando os produtores da Universal decidiram adaptar a obra para o cinema, Lugosi não era a primeira escolha, apesar do seu enorme sucesso de crítica no teatro. Mas, por fim, o artista foi o escolhido.

Graças a sua voz e aos seus próprios trejeitos, Lugosi se tornou um ator procurado para viver vilões de filmes de terror. Além de Drácula, esteve em muitos dos filmes das décadas de 1930 e 1940: Os Assassinatos da Rua Morgue, de 1932; Zumbi, a Legião dos Mortos, de 1932; Noite dos Horrores, de 1933; O Gato Preto, de 1934; O Corvo, de 1935; entre tantos outros e várias sequências de Lugosi como o Conde da Transilvânia.

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Mas, a carreira de Lugosi começou a declinar desde o momento em que, em 1936, a Universal trocou de gestão. Seu nome ficou preso a uma série de papéis menores em filmes B, e Lugosi passou a aceitar participar de filmes de produtores independentes. 

Morte Macabra de Lugosi

Anos depois de suas aventuras pelos filmes independentes, Lugosi se viciou em morfina e foi parar no hospital no início dos anos 1950. Morreu de ataque cardíaco em 1956.

Hope, sua esposa na época, contou para a imprensa que ele estava aterrorizado com a ideia de morrer. “Perto do fim ele estava cansado, mas ele ainda estava com medo da morte. Três noites antes de morrer ele estava sentado na beira da cama. Eu perguntei se ele ainda estava com medo de morrer, ele me disse que sim. Eu fiz o meu melhor para confortá-lo, mas você precisa poupar seu fôlego com pessoas assim. Elas irão continuar com medo da morte.”

É comum que tenhamos medo da morte. O medo da morte é, afinal, medo do desconhecido: não sabemos o que enfrentaremos no pós-vida, se há o descanso eterno ou se nossas almas continuam vagando por aí. No terror, este é um dos principais temas, explorado à exaustão, inclusive nos filmes em que Lugosi trabalhou. Tantos seres imortais, ou que retornam à vida, são criados para que possamos tentar contornar o derradeiro fim.

O funeral de Lugosi foi pequeno, e somente pessoas mais próximas a ele compareceram, como Hope, os filhos de Lugosi, Lillian e Bela G. Lugosi, Ed Wood e George Weiss.

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Vampiro Antifascista

A vida de Lugosi se estendeu muito além dos palcos. Ainda na Hungria, Lugosi era líder sindical e participava ativamente da luta antifascista. Apoiou a Revolução de 1919 e seu líder, Bela Kun, e pedia suporte e apoio para as classes artísticas do país. Nos Estados Unidos, Lugosi ajudou a organizar o Screen Actors Guild. Quando Miklos Horthy, ditador húngaro, se aliou a Adolf Hitler na Segunda Guerra Mundial, Lugosi ajudou a formação do Conselho Húngaro-Americano para a Democracia, e exigiu que Washington ajudasse no resgate de refugiados judeus húngaros. 

Parte de Lugosi se via como Conde Drácula. Certa vez, declarou para Hope que não via problema em uma mania tão boba como essa, que o mundo estava realmente pior. 

Me disseram que finjo irracionalmente que sou o Conde Drácula, mas imagino que aquilo que está acontecendo no mundo é muito mais irracional e absurdo do que uma mania minha, inofensiva.

Lugosi sofreu os danos de uma carreira complicada, em declínio, cheia de rivalidades e um vício pesado em morfina, mas sua figura para sempre será lembrada com carinho pelos fãs do horror.

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Acordo cedo todos os dias para passar o café e regar minhas plantas na fazenda. Aprecio o lado obscuro da arte e renovo meus pactos diariamente ao assistir filmes de terror. MACABRA™ - FEAR IS NATURAL.